De olho no eleitorado que mais reprova sua gestão, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) intensificou em 2025 um pacote de medidas para aliviar o custo de vida e ampliar o acesso ao crédito da classe média.
A estratégia culminou em outubro, com o lançamento de novos programas habitacionais e de financiamento para quem estava entre o teto do Minha Casa, Minha Vida e as altas taxas de juros do mercado –famílias com renda entre R$ 8 mil e R$ 20 mil:
Para fazer projeções econômicas e realizar programas sociais, o governo usa o marcador da Renda Domiciliar Total: a soma de todos os rendimentos que entram na residência, incluindo salários, aposentadorias e aluguéis. Esse valor indica o poder de compra da família e serve para definir quem pertence à classe média.
O estudo “Classes de Renda e Consumo no Brasil: 2024-2034”, da Tendências Consultoria, oferece o panorama mais atual. A estratificação social brasileira, segundo o levantamento, segue os seguintes valores:
Para Lula, brasileiros com renda de até R$ 5.000 mensais não podem ser considerados classe média. O presidente tem repetido ao longo de 2025 que é preciso “criar uma sociedade de classe média” no país –onde a maioria da população tenha poder de compra suficiente para suprir suas necessidades básicas e ir além delas.
“Quem ganha até R$ 5.000 não pode ser chamado de classe média. Se a pessoa pagar aluguel e tiver um filho na escola, ela mal praticamente consegue comer”, disse durante cerimônia de anúncio do novo modelo de crédito habitacional, em São Paulo. De acordo com o presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira, o foco na classe média no programa foi um pedido direto de Lula.
Em 2025, o petista anunciou outras iniciativas mirando o grupo:
Desde seus primeiros mandatos, o petista tem dificuldade em conquistar a chamada classe média tradicional, grupo que, em geral, demonstra maior sensibilidade à carga tributária, ao custo de vida e à percepção de eficiência do Estado.
As análises mais recentes do PoderData confirmam a tendência e mostram que a desaprovação de Lula aparece mais pronunciada exatamente nas faixas de renda média e entre quem recebe mais de 5 salários mínimos. A rejeição tende a ser ainda maior entre eleitores na faixa etária de 25 a 44 anos, grupo sensível a expectativas de emprego formal e poder de compra, o que explica a urgência do governo em lançar pacotes de crédito e isenção do IR.