• Domingo, 21 de dezembro de 2025

Lula diz que França, sozinha, não conseguirá barrar acordo Mercosul–União Europeia

Após adiamento da assinatura do acordo Mercosul–União Europeia, presidente brasileiro afirma que há maioria suficiente no bloco europeu para aprovar o tratado e aposta em formalização já no início de 2026, durante a presidência do Paraguai no Mercosul.

Após adiamento da assinatura do acordo Mercosul–União Europeia, presidente brasileiro afirma que há maioria suficiente no bloco europeu para aprovar o tratado e aposta em formalização já no início de 2026, durante a presidência do Paraguai no Mercosul. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste sábado (20) que a França, isoladamente, não tem força política para impedir a conclusão do acordo comercial entre o Mercosul-União Europeia. A declaração foi feita após o adiamento da assinatura do tratado, que era esperada para ocorrer durante a cúpula do Mercosul realizada em Foz do Iguaçu (PR). Segundo Lula, o impasse momentâneo não altera o cenário geral de apoio ao acordo dentro do bloco europeu. O presidente relatou ter conversado diretamente com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que teria manifestado disposição para assinar o tratado já no início de janeiro. De acordo com Lula, tanto von der Leyen quanto o presidente do Conselho Europeu, António Costa, avaliaram que a resistência francesa, sozinha, não seria suficiente para barrar o pacto.
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    Se ela estiver pronta para assinar e faltar apenas a França, não haverá possibilidade de o país impedir o acordo”, afirmou o presidente brasileiro. Lula acrescentou que espera a formalização do tratado ainda no primeiro mês da presidência paraguaia do Mercosul, sob comando do presidente Santiago Peña. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'});Por que a assinatura foi adiada A Comissão Europeia planejava selar o acordo neste sábado, o que criaria a maior zona de livre comércio do mundo, conectando economias da América do Sul e da Europa. No entanto, o cronograma mudou após a Itália se alinhar à França para pedir mais tempo de negociação e a inclusão de salvaguardas adicionais ao setor agrícola europeu. Lula explicou que o entrave mais recente surgiu após manifestações da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, que alegou dificuldades internas relacionadas à distribuição de subsídios agrícolas na União Europeia. Segundo o presidente brasileiro, Meloni enfrenta pressão de produtores rurais italianos e, por isso, pediu adiamento para avaliar garantias adicionais ao setor . Apesar disso, fontes ouvidas pela agência AFP indicam que a conclusão do acordo pode ocorrer no dia 12, no Paraguai, e a própria Ursula von der Leyen classificou o adiamento como breve, demonstrando confiança de que há maioria suficiente para a assinatura. Resistência francesa e temor do agronegócio europeu ao acordo entre Mercosul–União Europeia A França segue como principal foco de resistência dentro da União Europeia. O presidente francês, Emmanuel Macron, declarou que o país não apoiará o acordo sem novas salvaguardas para proteger os agricultores franceses. Para Paris, o tratado representa risco de concorrência desleal, diante da entrada de produtos agropecuários do Mercosul considerados mais baratos e produzidos sob regras ambientais diferentes das europeias. Macron afirmou que “as contas não fecham” para o setor agrícola francês e reforçou que a França se oporá a qualquer tentativa de acelerar a aprovação sem ajustes no texto. Ainda assim, o próprio presidente francês admitiu que o adiamento de um mês pode ser suficiente para discutir as condições exigidas. Apoio de Alemanha, Espanha e países nórdicos Enquanto França e Itália demonstram cautela, Alemanha, Espanha e países nórdicos defendem o avanço do acordo Mercosul–União Europeia firmado politicamente em 2024 com Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. O chanceler alemão, Friedrich Merz, afirmou que a União Europeia precisa tomar decisões rápidas para manter credibilidade na política comercial global. Esses países avaliam que o tratado pode compensar os efeitos de tarifas impostas pelos Estados Unidos, reduzir a dependência europeia da China e ampliar o acesso a novos mercados e minerais estratégicos — fatores que reforçam o apoio ao pacto dentro do bloco europeu . O que prevê o acordo Mercosul–UE Negociado há cerca de 25 anos, o acordo Mercosul–União Europeia prevê a redução ou eliminação gradual de tarifas de importação e exportação, além da harmonização de regras para comércio de bens industriais e agrícolas, investimentos, serviços, propriedade intelectual e padrões regulatórios. Embora o debate público esteja concentrado no agronegócio, o tratado vai muito além da agricultura e envolve diversos setores estratégicos das duas regiões. Como funciona a aprovação e onde está o maior risco A ratificação do acordo Mercosul–União Europeia depende do aval do Conselho Europeu, que exige maioria qualificada: apoio de pelo menos 15 dos 27 países da União Europeia, representando 65% da população do bloco. É justamente nessa etapa que se concentra o principal risco político de o acordo não avançar, apesar do apoio declarado de grandes economias europeias. Caso o acordo seja aprovado no Conselho, a expectativa inicial era de que Ursula von der Leyen viajasse ao Brasil ainda neste ano para a ratificação formal — algo que, com o adiamento, deve ficar para o início de 2026. Ainda assim, o governo brasileiro mantém otimismo. Para Lula, o isolamento francês não será suficiente para impedir um acordo considerado estratégico tanto para o Mercosul quanto para a União Europeia .
    Por: Redação

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