O dirigente nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), João Pedro Stédile, afirmou na 5ª feira (16.out.2025) que brigadas de militantes da América Latina estão se organizando para irem à Venezuela diante da tensão com os Estados Unidos.
Stédile disse, em entrevista à Rádio Brasil de Fato, que a decisão foi tomada durante o Congresso Mundial em Defesa da Mãe Terra, na capital venezuelana, Caracas. O evento, realizado de 8 a 10 de outubro, reuniu delegações de 65 países.
“Eu cheguei a colocar em votação na Assembleia do Congresso, que nós, movimentos da América Latina, vamos fazer reuniões e já estamos fazendo consultas para, no menor prazo possível, para organizar brigadas internacionalistas de militantes de cada um dos nossos países para ir à Venezuela e nos colocarmos à disposição do governo e do povo venezuelano”, disse o líder do MST.
Segundo Stédile, os militantes não têm formação militar, mas podem “fazer mil e uma coisas, desde plantar feijão e fazer comida para os soldados a estar ao lado do povo se houver uma invasão militar dos Estados Unidos”.
Procurada pelo Poder360, a assessoria de imprensa do MST disse neste sábado (18.out) que a organização das brigadas internacionalistas ainda está sendo debatida pelo conjunto da direção nacional do movimento. “Não há uma definição ainda encaminhada de como essa colaboração vá proceder”, declarou.
“O MST já tem brigadas na Venezuela, mas com fins de avanço em processos de produção agroecológica, como é o Projeto Gran Pátria del Sur, implementado desde o ano passado para aumentar a produção de alimentos saudáveis em intercâmbio fomentando a experiência que as famílias agricultoras sem terra detém desse tipo de produção”, afirmou.
Na 6ª feira (17.out), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), disse que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, esquerda), “não quer arrumar confusão” com os norte-americanos.
Trump deu a declaração ao ser perguntado sobre informações de que Maduro teria oferecido “tudo”, inclusive recursos naturais, em troca de um acordo com Washington. “Ele ofereceu tudo, é verdade. Sabe por quê? Porque ele não quer arrumar confusão com os Estados Unidos”, respondeu o norte-americano a jornalistas.
O presidente dos EUA também afirmou ter autorizado operações terrestres na Venezuela. Uma reportagem do jornal New York Times mostrou que o governo norte-americano deu carta-branca para que a CIA (Agência Central de Inteligência) derrube o regime de Maduro.
O líder venezuelano nega envolvimento com o tráfico de drogas e diz que os ataques norte-americanos a barcos que circulam no mar do Caribe são um “pretexto para mudança de regime” e uma violação da soberania do país.
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