Kick diz que vai cooperar com a polícia após morte de influenciador
“Estamos comprometidos em cooperar com as autoridades competentes no âmbito de qualquer investigação em curso”, afirma o comunicado
A plataforma australiana anunciou na quarta-feira (27/8) que vai cooperar com as após a morte em live do influenciador francês Jean Pormanove, no dia 18 de agosto. Raphaël Graven, de 46 anos, morreu perto de Nice, no sudeste da França, durante uma transmissão ao vivo em que ele e outro homem foram agredidos e humilhados por duas pessoas durante vários dias.
“Estamos comprometidos em cooperar com as autoridades competentes no âmbito de qualquer investigação em curso”, afirmou a plataforma no comunicado. O influenciador morreu durante uma transmissão de doze dias na Kick. “Estamos atualmente analisando este caso, em parceria com nossos consultores jurídicos”, acrescenta o texto.
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Na terça-feira (26), a Procuradoria de Paris abriu uma investigação sobre a plataforma. O objetivo é verificar se a Kick transmitiu, de forma consciente, vídeos com agressões voluntárias à integridade física de pessoas. O processo se soma ao inquérito que já está sendo conduzido pelo Ministério Público de Nice.
No mesmo dia, Clara Chappaz, ministra de Assuntos Digitais da França, também anunciou que pretende processar a Kick por negligência. Segundo ela, a empresa não tomou medidas suficientes para interromper a transmissão de conteúdos perigosos.
Após uma reunião com representantes dos ministérios da Justiça, do Interior e da Economia, além de duas autoridades independentes, Chappaz acusou a plataforma de violar a Lei de Confiança na Economia Digital, de 2004.
A ministra francesa informou que acionará a Kick com base no artigo 6.3 da legislação, que permite à Justiça interromper danos causados por conteúdos online ou exigir medidas preventivas. Ela também anunciou uma missão de inspeção para avaliar os desafios no combate aos abusos nas plataformas e prometeu reativar, em outubro, o Observatório do Ódio Online.
“TikTok não inventou a humilhação pública”
O canal “Jeanpormanove”, seguido por cerca de 200 mil pessoas, exibia há meses cenas em que Graven era insultado, agredido, ameaçado e atingido por projéteis de paintball sem proteção. Segundo os responsáveis pela página, os conteúdos eram roteirizados.
Em entrevista à rádio francesa Franceinfo, o professor de Psicologia Social francês Laurent Bègue-Shankland explicou que indivíduos que consomem conteúdos violentos em filmes ou videogames têm maior propensão à agressividade e níveis mais baixos de empatia.
“As plataformas de streaming se tornaram locais de espetáculos de massa, mas pensemos nas multidões sedentas por sangue do Coliseu, nos campos de torneios medievais e na antiga Praça de Grève”, diz. Esta praça fica em frente ao prédio da prefeitura de Paris, no 4º distrito da capital, e era um local usado para execuções públicas nos séculos 18 e 19. “O TikTok não inventou a humilhação pública”, acrescenta o especialista.
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Por: Metrópoles