• Sábado, 27 de dezembro de 2025

Javalis invadem Goiás e vira desafio para o Ibama e ameaça direta aos produtores rurais

Espécie exótica invasora e sem predador natural, os Javalis avançam sobre áreas produtivas, causa prejuízos a lavouras e pressiona órgãos ambientais a acelerar ações de controle no Cerrado goiano

Espécie exótica invasora e sem predador natural, os Javalis avançam sobre áreas produtivas, causa prejuízos a lavouras e pressiona órgãos ambientais a acelerar ações de controle no Cerrado goiano A presença crescente dos javalis (Sus scrofa) em Goiás deixou de ser um problema pontual para se transformar em um desafio ambiental, produtivo e institucional. Introduzido no Brasil na década de 1960 para criação comercial, o animal é hoje classificado entre as cem piores espécies exóticas invasoras do mundo, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). No Cerrado goiano, onde a pressão sobre o bioma já é intensa, o avanço do javali tem causado danos diretos à agricultura, prejuízos a propriedades rurais e riscos à biodiversidade, especialmente em regiões próximas a áreas de preservação . Nos últimos meses, o cenário acendeu um alerta vermelho para produtores e autoridades ambientais. Em áreas rurais de Goiás, relatos apontam destruição de lavouras de milho e soja, danos a cercas, estruturas e até ataques a criações domésticas, como chiqueiros de suínos. A agressividade da espécie, aliada à alta capacidade de adaptação, reprodução acelerada e ausência de predadores naturais, explica a rápida expansão e a dificuldade de controle.
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    Monitoramento intensificado e foco em áreas sensíveis Diante do avanço da espécie, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) intensificou ações de monitoramento no entorno do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, unidade de conservação estratégica no Cerrado. As vistorias ocorreram em 28 propriedades rurais distribuídas por seis municípios: Alto Paraíso de Goiás, São João da Aliança, Colinas do Sul, Nova Roma, Teresina de Goiás e Cavalcante . window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'});De acordo com os registros oficiais, a ocorrência do javali está concentrada, até o momento, no centro-sul de Alto Paraíso de Goiás, em área contígua ao Parque Nacional. Além dos prejuízos econômicos, técnicos identificaram impactos ambientais, como degradação de nascentes e de Áreas de Preservação Permanente (APPs), o que amplia a preocupação com a integridade dos ecossistemas locais. Produtores no centro da estratégia de controle de javalis A resposta das autoridades ambientais passa por uma estratégia considerada decisiva: envolver diretamente os produtores rurais no monitoramento e nas ações de controle. A proposta é estruturar uma rede de colaboração entre órgãos públicos, agricultores e entidades do terceiro setor, transformando quem vive no campo em parte ativa da solução. A avaliação técnica é de que agir rapidamente é essencial para evitar que a espécie se espalhe para novas regiões ou alcance áreas ainda preservadas do Parque Nacional. As informações coletadas nas propriedades devem subsidiar o mapeamento de rotas de invasão, permitindo ações preventivas mais eficientes e direcionadas. Debate sobre o modelo de controle de javalis ganha força O avanço do javali também reacendeu o debate sobre a eficácia do atual modelo de controle, hoje centralizado em normas federais. Representantes de associações ligadas ao manejo da espécie defendem que os estados tenham maior autonomia para lidar com o problema, argumentando que a realidade local exige respostas mais rápidas e adaptadas. Por outro lado, os órgãos ambientais avaliam que ainda faltam dados técnicos consistentes, como estudos populacionais e de dispersão, para sustentar mudanças estruturais no modelo de gestão. A autarquia ambiental reconhece lacunas históricas, mas afirma estar reestruturando sistemas de monitoramento e ampliando o diálogo com estados e parceiros técnicos. Um problema que vai além de Goiás A experiência no entorno da Chapada dos Veadeiros é vista como um possível modelo para outras regiões do país, onde o javali também avança sobre áreas produtivas e ambientais. A proposta é fortalecer uma política permanente de vigilância da fauna exótica invasora, reduzindo prejuízos econômicos, riscos sanitários e danos ambientais. Para o produtor rural, o recado é claro: o javali deixou de ser um problema distante. Sua expansão ameaça lavouras, infraestrutura, nascentes e a sustentabilidade do sistema produtivo. E, como mostra a situação em Goiás, o enfrentamento exige integração entre campo, ciência e poder público, com ações rápidas antes que o impacto se torne irreversível.
    Por: Redação

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