• Quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Israel x Palestina: Alemanha defende 2 Estados, mas não imediatamente

Ao lado de Israel, Alemanha pede ajuda urgente em Gaza e reforça dever histórico na defesa da solução de dois Estados

Na contramão de aliados e de outros países europeus, que já anunciaram que vão reconhecer o , a Alemanha tem “uma posição diferente”. Para o governo alemão, o reconhecimento de um Estado palestino só deve ocorrer ao final de um processo de negociação. O país ainda se posiciona a favor de uma solução de dois Estados como “o único caminho que pode oferecer às pessoas de ambos os lados uma vida em paz, segurança e dignidade”. De acordo com o ministro alemão das Relações Exteriores, Johann Wadephul, o país europeu tem uma responsabilidade histórica de defesa em relação a Israel – resultado direto do Holocausto cometido pela Alemanha nazista. Apesar disso, o chefe da diplomacia alemã alerta que a situação grave de “não pode e não vai deixar a Alemanha indiferente”. Wadephul, que realizou uma visita recente a Jerusalém, adotou um tom mais rígido com Israel ao apelar para que o país permita que a ONU transporte e distribua a ajuda com segurança na região. Para ele, há o risco de Israel se isolar da comunidade internacional. A fala marca o alerta mais forte da Alemanha a até o momento, à medida diversas nações ocidentais intensificam seus esforços de pressão contra a guerra em Gaza. Sob a doutrina “a segurança de Israel é razão de Estado para a Alemanha”, formulada pela ex-primeira-ministra Angela Merke e reafirmado pelo chanceler Olaf Scholz após os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023, o país europeu abraça uma obrigação moral com Israel. “Estamos em uma fase decisiva, na qual a Alemanha precisa se posicionar”, disse o ministro das Relações Exteriores alemã. “Vim aqui como representante de um país com uma obrigação histórica que não termina, com a segurança do único Estado judeu, e que ao mesmo tempo está ligado a Israel pelos laços humanos mais estreitos”, afirmou. A Alemanha está “firmemente ao lado de Israel, com o objetivo de finalmente libertar os reféns”. “Mas o governo israelense”, continua ele, “tem que permitir ajuda humanitária e médica suficiente para evitar uma catástrofe por fome em Gaza.” Entretanto, Wadephul classifica o reconhecimento de um Estado Palestino, sem um processo de negociação prévio, como uma “encruzilhada”. “Esse processo [de negociação] precisa começar agora. Caso medidas unilaterais sejam tomadas, a Alemanha também será obrigada a responder.” Enquanto isso, o governo de Israel voltou a debater a possibilidade de como estratégia para ampliar a pressão sobre o grupo Hamas. A iniciativa foi mencionada pelo ministro da Segurança, Zeev Elkin. Uma fonte do gabinete de Netanyahu confirmou ao jornal The Jerusalem Post que o primeiro-ministro tomou a decisão de ocupar totalmente a Faixa de Gaza, apesar da oposição de vários militares das Forças de Defesa de Israel (FDI). Nos bastidores, ideias como a sugerida pelo presidente Donald Trump — de transformar Gaza na “Riviera do Oriente Médio” — voltam a circular. Leia também Ajuda humanitária De acordo com as Nações Unidas, desde 27 de maio, pelo menos 1,4 mil pessoas foram mortas enquanto buscavam por alimentos em , a maioria administrados pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF), apoiada pelos Estados Unidos. A fundação afirma que usa apenas spray de pimenta ou dispara tiros de advertência para controlar multidões. Na última semana, Israel negou veementemente que haja uma crise de fome em Gaza e anunciou medidas de ajuda ampliada. Entretanto, especialistas humanitários ouvidos pelo jornal britânico The Guardian afirmam que o país continua restringindo de forma severa a entrada de ajuda. O total de mortes por fome subiu para 175 na última semana, das quais 93 eram crianças. Em julho, mais pessoas morreram de fome do que nos últimos 20 meses combinados, afirmam autoridades de saúde palestinas. Desde o ataque liderado pelo Hamas em Israel, no dia 7 de outubro de 2023 – que matou cerca de 1.200 pessoas – pelo menos 60.839 pessoas foram mortas em Gaza em operações militares de Israel.
Por: Metrópoles

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