O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta 2ª feira (3.nov.2025) que espera um investimento público de US$ 10 bilhões dos países no TFFF (Fundo Florestas Tropicais para Sempre, em português) até dezembro de 2026, quando encerra a presidência do Brasil na COP 30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025).
Ele afirmou que alguns países farão os anúncios de aporte já durante o evento de novembro. O ministro disse que não é uma doação, mas um investimento, porque o valor será remunerado pelo spread dos empréstimos no fundo.
Haddad defendeu uma COP “pragmática” e “propositiva” para colocar recursos na economia verde. “Acredito que, das ideias originais que surgiram nos últimos anos, o TFFF é o que está mais pronto para dar mais certo”, disse o ministro a jornalistas.
“Se a gente terminar o 1º ano com US$ 10 bilhões de recursos públicos, seria um grande feito. Porque, até aqui, ninguém colocou nada relevante na mesa”, acrescentou.
Segundo Haddad, o número é “ambicioso”, mas possível. O objetivo final do governo é que o fundo reúna US$ 125 bilhões, sendo 20% (US$ 25 bilhões) de países soberanos e 80% (US$ 100 bilhões) de capital privado.
O ministro afirmou que a coalizão do mercado de carbono vai exigir “engenharia” para sair do papel e demorará mais tempo para acontecer. Haddad teve agenda em São Paulo antes de ir a Belém para a COP.
Na capital paulista, ele participou de painel sobre energia e inteligência artificial, reunião bilateral com a União Europeia e diálogo de alto nível sobre as recomendações do Círculo de Ministros de Finanças da conferência.
“O Brasil está liderando um debate muito grande no mundo, não só pela COP. Já no G20, nós vimos liderando o debate sobre sustentabilidade, tanto é verdade que, pela 1ª vez, temos um clube de ministros de finanças participando da COP e entregando um relatório”, declarou Haddad.
O ministro disse que o Brasil processa 60% dos dados nos Estados Unidos. Afirmou que, pela soberania digital e segurança nacional, quer fazer o processamento no Brasil.
O Senado aprovou o projeto para regulamentar o desenvolvimento e o uso de IA (inteligência artificial) no país em dezembro de 2024. O texto agora está na Câmara, sob relatoria do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
Haddad disse que o congressista mostrou disposição para votar o texto até o final de novembro ou começo de dezembro para as mudanças serem apreciadas no Senado. O ministro espera que o projeto vá à sanção ainda neste ano.
O TFFF pretende levantar cerca de US$ 125 bilhões no mercado internacional para reinvestir em projetos de maior retorno financeiro. A ideia é ter 20% dos recursos investidos por países e outros 80% de capital privado.
Os investidores privados destinariam, portanto, US$ 100 bilhões. O capital privado seria atraído por ativos de segurança e taxa de retorno de mercado.
Os lucros que serão doados aos países com florestas tropicais proporcionalmente à área conservada, ao mesmo tempo em que o capital investido retorna ao investidor com rendimento.
A estrutura do TFFF estabelece monitoramento por satélite com padronização internacional e disponibilização de dados públicos e acessíveis para assegurar transparência e eficiência na verificação da cobertura florestal. Incentivará a demanda por títulos de dívida sustentável, como “green bonds” e “blue bonds”, não competindo com o mercado de carbono, mas atuando de forma complementar a ele.
O Ministério da Fazenda avalia que esse modelo pode ser um divisor de águas na economia verde brasileira, pois alinha congregação internacional, retorno financeiro e preservação ambiental. No entanto, o êxito dependerá da efetiva captação dos recursos prometidos, da implementação dos mecanismos de monitoramento e da capacidade de converter conservação em instrumento de desenvolvimento sustentável para as comunidades locais.
                    




