O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta 3ª feira (4.nov.2025) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terminará o mandato com o melhor resultado fiscal de um governo desde 2015. Afirmou há um “delírio” em comentaristas que afirmam haver uma crise fiscal no Brasil.
Hadad defendeu que Lula, em todos os mandatos, entregou resultados melhores na economia em comparação com o cenário de sua posse no cargo. “No 4º [mandato] não vai ser diferente”, disse, em referência a uma possível reeleição do petista. O ministro participou nesta 3ª feira (4.nov.2025) da cerimônia de abertura do “Bloomberg Green Summit”, realizada em São Paulo.
Haddad defende que houve um calote no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que piorou as condições financeiras da gestão seguinte.
“É um delírio que eu precisava entender do ponto de vista psicológico, porque do ponto de vista econômico eu não consigo entender. Estão falando que eu vou mudar a meta de resultado primário desde 2023. Eu não mudei nenhuma vez. Estão falando que eu não vou cumprir meta desde 2023 e eu cumpro todo ano”, disse Haddad.
O Brasil registrou saldo negativo nas contas públicas em 10 dos últimos 11 anos, de 2014 a 2024. A estimativa é de um deficit primário também em 2025.
O Ministério da Fazenda flexibilizou a meta de resultado primário 7 meses depois da aprovação no Congresso. Em 2024, o governo mudou o objetivo de 0,5% do PIB para 0% do PIB de superavit primário e atrasou o saldo positivo nas contas públicas.
O chefe da Fazenda declarou que Lula tem “angústias” com atrasos sociais, como o deficit habitacional no Brasil, a fome e o desmatamento. Afirmou que é papel da equipe econômica é administrar essas angústias e conduzir a política econômica na direção correta.
“Não é brincadeira chegar num país que tem mais de 5% do PIB [Produto Interno Bruto] de renúncia fiscal para favorecer poucas empresas. […] Chego lá todo ano e entro com um cardápio para o Congresso e falo: ‘Olha, tem que cortar esses benefícios’”, disse Haddad.
O ministro afirmou que as contas públicas estão desorganizadas desde 2015, mas o chefe da equipe econômica do governo Lula defende que o Brasil está em situação muito melhor do que os “analistas internos supõem” na economia e está em posição mais vantajosa que nações da América do Sul. Ele citou indicadores que, segundo ele, são positivos:
O Poder360 já mostrou que o governo Lula excluirá R$ 399 bilhões das regras fiscais de 2023 a 2026, o que possibilitou o atingimento da meta em 2024 e deve ajudar o governo também em 2025.
“Eu fico lendo jornais e vendo comentaristas que eu não sei se são pagos para isso. Eu não sei porque fazem isso. Nós vamos entregar o melhor resultado fiscal do país em 4 anos, mesmo considerando tudo que se pagou do calote do governo anterior. E a impressão que dá é que nós estamos vivendo uma crise fiscal”, declarou Haddad.
O deficit nominal –que considera os juros da dívida pública– subiu para R$ 1,018 trilhão no acumulado de 12 meses até setembro. O gasto com juros da dívida totalizou R$ 984,8 bilhões, o recorde em valores nominais.

A DBGG (Dívida Bruta do Governo Geral) atingiu 78,1% do PIB em setembro. Aumentou 1,6 ponto percentual no acumulado do ano e 6,4 pontos percentuais no governo Lula.

Quando desconsiderado os gastos com juros da dívida, as contas públicas do setor público consolidado –formado por União, Estados, municípios e estatais– registraram deficit primário de R$ 33,2 bilhões no acumulado de 12 meses até setembro. Em comparação com o mesmo período dos anos passados, o saldo negativo havia sido de R$ 245,6 bilhões em 2024 e de R$ 101,9 bilhões em 2023.
Haddad afirmou que adotou medidas nos últimos 3 anos para criar um ambiente de negócio favorável, como a desoneração total das importações e dos investimentos na reforma tributária. Segundo ele, os dados de investimentos em infraestrutura mostram uma atração do país para novos negócios.
O Ministério dos Transportes vai quintuplicar a média dos 4 anos anteriores em termo de oferta de negócio no Brasil. Ele afirmou ainda que a reforma tributária terá um impacto de 12% a 20% no PIB.
“Nós nunca tivemos tanto leilão na B3 [a Bolsa de Valores de São Paulo] de rodovia e infraestrutura, de maneira geral, como nós tivemos nos últimos 3 anos”, disse Haddad.
Ele afirmou que a aprovação da isenção do IR (Imposto de Renda) para quem recebe até R$ 5.000 é uma forma de desonerar o consumo, principalmente em cesta básica.
“A desigualdade no Brasil é um impedimento do desenvolvimento. Não existe desenvolvimento com esse nível de desigualdade. Nós estamos com o melhor índice de Gini da nossa história recente”, declarou o ministro.





