• Sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Governo Trump enfrenta prejuízos uma semana depois de shutdown

Segundo shutdown sob Trump completou uma semana, deixando militares sem salário e ampliando prejuízos em meio ao impasse no Congresso

O governo dos completou uma semana de shutdown nessa quarta-feira (8/10). Sem perspectiva de acordo no Congresso, a gestão Trump já esbarra em prejuízos econômicos e operacionais em todo o país. Com recursos federais bloqueados e servidores públicos sem receber, os efeitos atingem desde aeroportos até as Forças Armadas. A paralisação ocorreu após o Congresso não aprovar o orçamento federal apresentado pelo presidente republicano Donald Trump, para financiar o governo. O que é shutdown Nos Estados Unidos, shutdown é o termo usado para descrever a paralisação parcial do governo federal quando o Congresso não aprova o orçamento. Sem a liberação de recursos, diversos departamentos e agências ficam impedidos de funcionar normalmente. Nessas situações, apenas os serviços considerados essenciais, como defesa nacional, hospitais e forças armadas, continuam em operação. Já setores classificados como não essenciais, como museus, parques e parte do funcionalismo público, têm suas atividades suspensas. Os servidores afetados podem ser afastados ou obrigados a trabalhar sem garantia de pagamento imediato, ampliando os impactos econômicos e sociais da crise. 2018–2019: Trump condiciona o orçamento à construção do muro na fronteira com o México. O impasse provoca o shutdown mais longo da história dos EUA, com 35 dias de paralisação, 800 mil servidores sem salário e prejuízo estimado em US$ 3 bilhões. 2025: A disputa em torno de recursos para saúde e programas sociais volta a travar o governo. Cerca de 750 mil servidores estão sem remuneração, em meio a cortes internos e tensões externas. Crise política e impasse no Congresso No centro do impasse está a exigência dos democratas de manter recursos para o programa de saúde conhecido como Obamacare. Com isso, quase 1 milhão de servidores federais estão em licença sem pagamento, enquanto outros 700 mil trabalham sem receber. A situação reacende lembranças da paralisação de 2019, quando o atraso de salários levou ao fechamento temporário do espaço aéreo de Nova York. Leia também Forças Armadas e servidores sem pagamento Com o shutdown em vigor, os militares podem ficar sem o pagamento previsto para a próxima quarta-feira, 15 de outubro. Nos EUA, os salários das Forças Armadas são pagos quinzenalmente, e o Tesouro não pode emitir a folha sem o orçamento aprovado. Ao Metrópoles, o jornalista e observador da Casa Branca, Fernando Hessel, analisou a situação como “inaceitável”: as Forças Armadas não deveriam ser arrastadas a uma disputa política doméstica. Ele avalia que a postura de Trump, ao usar o impasse como ferramenta de pressão, agrava a percepção de instabilidade institucional. Quase 2,3 milhões de servidores federais estão diretamente afetados – cerca de 900 mil foram colocados em licença sem pagamento, enquanto outros 700 mil continuam trabalhando sem receber. “Na prática, ele está se aproveitando da paralisação para segurar o caixa e reduzir temporariamente a saída de recursos, mas da porta para fora joga a responsabilidade nos democratas”, afirma. 4 imagens O presidente dos EUA, Donald Trump, discursa com altos líderes militares na Base do Corpo de Fuzileiros Navais de Quantico, em 30 de setembro de 2025, em Quantico, VirgíniaO presidente dos EUA, Donald Trump, discursa com altos líderes militares na Base do Corpo de Fuzileiros Navais de QuanticoFechar modal. 1 de 4 O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump Reprodução/ TikTok 2 de 4 O presidente dos EUA, Donald Trump, discursa com altos líderes militares na Base do Corpo de Fuzileiros Navais de Quantico, em 30 de setembro de 2025, em Quantico, Virgínia Alex Wong/Getty Imagens 3 de 4 O presidente dos EUA, Donald Trump, discursa com altos líderes militares na Base do Corpo de Fuzileiros Navais de Quantico Andrew Harnik/Getty Images 4 de 4 Michael M. Santiago/Getty Images   “Aviões no chão” e transporte aéreo em risco A Administração Federal de Aviação (FAA) informou que a falta de pessoal causou atrasos em diversos aeroportos, como Las Vegas, Denver e Newark — que atende Nova York. Cerca de 13 mil controladores e 50 mil agentes da Administração de Segurança no Transporte (TSA) continuam trabalhando sem salário. Segundo o secretário de Transportes, Sean Duffy, o número de faltas entre controladores de tráfego aéreo dobrou desde o início da paralisação, e em algumas regiões as equipes foram reduzidas pela metade. Dados do FlightAware indicam que mais de 4 mil voos foram afetados no início desta semana. Hessel alerta que “mesmo que o governo reabrisse amanhã, o efeito seria como um tsunami: a onda passa, mas o rastro de destruição aparece depois, com queda de confiança, desvalorização de ativos e retração do consumo”. Impactos fiscais e na economia real O IRS, equivalente à Receita Federal norte-americana, afastou mais de 34 mil funcionários — quase metade da equipe — e o prazo de entrega do imposto de renda foi mantido para 15 de outubro. Segundo Hessel, isso preserva artificialmente o caixa federal, enquanto a economia real perde fôlego. “É um colapso fiscal disfarçado de disputa política”, explica. Além disso, programas federais suspensos travam financiamentos e vendas de casas, enquanto investidores buscam segurança em ativos como ouro. A U.S. Travel Association estima que o setor de viagens perde mais de US$ 1 bilhão por semana, e o prejuízo total pode ultrapassar US$ 7 bilhões. Impasse político prolongado Mike Johnson, presidente da Câmara, rejeitou votar um projeto isolado para garantir salários de militares. Ele deve realizar, nesta quinta-feira (9/10), uma reunião privada com os parlamentares republicanos, com o intuito de tentar contornar a paralisação.
Por: Metrópoles

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