• Sábado, 2 de agosto de 2025

Gerdau corta investimentos no Brasil e cobra defesa comercial

Concorrência com aço importado causa demissões e leva empresa a rever estratégia; a operação nos EUA segue com os aportes.

A Gerdau anunciou nesta 6ª feira (1º.ago.2025) que irá reduzir os investimentos no Brasil a partir de 2026 e confirmou que demitiu 1.500 trabalhadores no país desde o início do ano.

A medida, que havia sido ventilada pela empresa em fevereiro deste ano, é uma resposta à ausência de ações mais firmes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para conter o avanço de importações de aço, em especial da China.

“Assim que o governo federal colocar medidas de defesa comercial, imediatamente a gente pode voltar com essas usinas”, disse o CEO da companhia, Gustavo Werneck, ao comentar os resultados do 2º trimestre.

Apesar da reavaliação no Brasil, Werneck afirmou que a Gerdau continuará investindo nos Estados Unidos, onde a empresa vê um ambiente mais favorável, com políticas de incentivo à reindustrialização.

“Nos Estados Unidos, a gente continua firme. A gente vem crescendo nossa capacidade produtiva de forma marginal, pequena, ano após ano”, declarou.

Os investimentos programados para 2025, estimados em R$ 6 bilhões, dos quais R$ 4 bilhões destinados ao Brasil, estão mantidos. No entanto, a companhia informou que vai reavaliar a estratégia para os anos seguintes.

A revisão será discutida entre agosto e setembro, com apresentação estimada para outubro, durante encontro com investidores. De 2022 a 2024, os aportes anuais da siderúrgica oscilaram de R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões.

A Gerdau mantém cerca de 30% de capacidade ociosa em suas operações nos EUA, o que lhe permite expandir a produção sem precisar construir novas usinas.

Atualmente, a companhia produz aproximadamente 4 milhões de toneladas de aço por ano no país. Com os ajustes em andamento, esse volume pode crescer em até 1,5 milhão de toneladas.

A empresa registrou lucro líquido ajustado de R$ 864 milhões de abril a junho, uma queda de 8,6% em relação ao mesmo período de 2024.

Já a receita líquida subiu 5,5%, para R$ 17,5 bilhões, impulsionada pelo desempenho na América do Norte. Eis a íntegra do balanço trimestral (PDF – 2 MB), divulgado na 5ª feira (31.jul).

No Brasil, as vendas foram afetadas pela maior penetração do aço importado, que chegou a 26% do mercado no trimestre –alta de 3,9 pontos percentuais no comparativo anual. Segundo a companhia, o cenário reforça a necessidade de aprimorar os mecanismos de defesa comercial.

Na América do Sul, houve recuperação pontual na Argentina, mas o ambiente ainda é considerado desafiador, especialmente no setor da construção civil.

Por: Poder360

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