Reportagem da Agência Pública publicada na última quarta-feira (27) revelou que trabalhadores chineses de empresas terceirizadas que atuam na construção da fábrica estariam sendo submetidos a rotinas de trabalho de até 12 horas por dia, sem folga semanal e sem equipamentos de proteção.
Também há relatos de agressões a funcionários, que teriam sido alvo de chutes e pontapés por seus superiores, falta de água potável para os operários e alojamentos em condições degradantes.
Em nota, a BYD informou que recebeu as imagens da denúncia com repúdio e determinou que os agressores fossem afastados e proibidos de ingressar na unidade. Também exigiu das empresas terceirizadas providências urgentes para garantir que tais situações não se repitam.
A montadora lançou a pedra fundamental para construção da fábrica em outubro em 2023, em cerimônia com a presença de executivos da empresa e do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT) e do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
A BYD assumiu o parque industrial que era da Ford, montadora norte-americana que atuou na Bahia entre 2001 e 2021. O complexo industrial será composto por três fábricas, com investimento previsto de R$ 5,5 bilhões e capacidade inicial de produção de 150 mil carros elétricos e híbridos por ano.
O procedimento de investigação foi instaurado pelo MPT a partir de uma denúncia anônima recebida no dia 30 de setembro. Uma inspeção foi realizada dia 11 de novembro na área onde a empresa está construindo sua linha de montagem.
O MPT informou que está reunindo informações para a apresentação de uma proposta de ajuste de conduta ou uma ação judicial contra a montadora chinesa.
O órgão vai analisar os documentos solicitados à montadora e a outras três empresas contratadas por ela para realizar a obra. Serão analisadas cópias dos contratos de trabalho, vistos de trabalho para os estrangeiros que atuam na obra, além de planos de prevenção de acidentes e de saúde ocupacional.
"As informações que colhemos até o momento apontam para a necessidade de correção de procedimentos relativos ao meio ambiente de trabalho, para garantir a saúde e a segurança dos empregados", informou o procurador Bernardo Guimarães, responsável pelo inquérito.
A BYD informou que foram identificadas inconformidades em relação aos trabalhadores em Camaçari e que exigiu que as prestadoras responsáveis pelas obras ajam imediatamente. Também informou que funcionários receberam todo o suporte necessário e seguem trabalhando na fábrica.
A empresa também afirmou que permanece comprometida em colaborar com o MPT e que reforçou a fiscalização da obra para assegurar o cumprimento da legislação e o respeito a todos os profissionais que nela atuam.
"A companhia opera há 10 anos no Brasil, sempre seguindo rigorosamente as leis locais e mantendo o compromisso com a ética, respeito e a dignidade humana", disse a BYD.
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