Dólar despenca e Bolsa dispara mesmo com tensão no Oriente Médio
Moeda americana caiu 1,03%, a R$ 5,48, menor valor desde outubro, e Ibovespa subiu 1,49%. Dados sobre a China ajudaram a animar o mercado
A cotação do desabou nesta segunda-feira (16/6), registrando queda de 1,03%, a R$ 5,48, o menor patamar desde o início de outubro de 2024, há oito meses, portanto. Já o , o principal índice da Bolsa brasileira (), disparou em sentido contrário. Ele anotou elevação de 1,49%, aos 139.255 pontos.
O desempenho positivo dos mercados de câmbio e ações no Brasil, com forte valorização do real frente ao dólar e elevação do Ibovespa, é resultado da leitura preliminar de agentes econômicos sobre a situação do conflito entre Israel e Irã, no . Para boa parte dos analistas, o confronto deve diminuir de intensidade.
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Pesaram positivamente entre os investidores dados que mostraram resiliência da economia da China, apesar da guerra tarifária iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, . No mês passado, a produção industrial chinesa cresceu 5,8%, quase em linha com o avanço de 5,9% previsto por analistas consultados pelo The Wall Street Journal e acima do consenso da FactSet, de 5,3%.
Além disso, os investidores estão atentos nesta semana à definição das taxas de juros no Brasil e nos Estados Unidos. Na quarta-feira (18/8), a chamada “superquarta”, elas serão definidas em reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), do , no Brasil (BC), e do , a sigla, em inglês, para o comitê de política monetária do (o Fed, o banco central dos Estados Unidos).
Cenário local
No cenário local, indicadores positivos foram divulgados na manhã desta segunda-feira, ajudando a embalar os mercados. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (), considerado uma prévia do PIB brasileiro, subiu 0,16% em abril, na comparação com o mês anterior. O número ficou acima da mediana da expectativa do mercado, que previa um avanço de 0,1%.
O , também divulgado pelo BC nesta segunda, mostrou que os analistas ouvidos pelo BC revisaram para baixo a projeção da inflação para 2025 pela terceira semana seguida. Desta vez, ela caiu de 5,44% para 5,25%. A projeção do para este ano, por sua vez, subiu de 2,18% para 2,20%.
De olho no IOF
Para Alexandro Nishimura, economista e diretor da Nomos, o “dólar teve queda expressiva, acompanhando o movimento global de enfraquecimento da moeda americana”. “A valorização do real também foi sustentada pela percepção de arrefecimento da pressão inflacionária, refletida na redução das projeções para o IPCA no Boletim Focus e na desaceleração dos índices de preços”, diz. “No cenário político interno, o foco segue na votação do projeto que pode reverter o decreto sobre o IOF, contribuindo para um ambiente ainda sensível.”
Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, observa que a queda do dólar para o menor nível intradiário desde outubro de 2024 “reflete uma combinação de fatores externos e domésticos, que favorecem o real no curto prazo”. “O recuo da moeda americana frente a pares globais, impulsionado por dados mais fracos da indústria nos EUA e indicadores positivos da China, somado à queda do petróleo com sinais positivos vindo no Oriente Médio, criou um ambiente propício ao aumento do apetite por risco.”, diz.
Fluxo estrangeiro
Ele destaca que, internamente, “a valorização do real ganha força com a possibilidade de reversão do aumento do IOF”. “Isso além da desaceleração da inflação nas projeções do Focus, o avanço do IBC-Br acima das expectativas e a atratividade da taxa Selic elevada, que sustenta o fluxo estrangeiro para Bolsa e renda fixa.”
Peso da Vale
Note-se, por fim, que a alta do Ibovespa valeu-se ainda da forte valorização das ações da Vale, que subiram 3,24% no pregão e têm forte peso no índice. A alta ocorreu depois de a mineradora anunciar que obteve a Licença Prévia Ambiental para o projeto de cobre Bacaba, em Canaã dos Carajás (PA), no complexo minerador de Sossego.
Por: Metrópoles