• Quarta-feira, 16 de julho de 2025

DATAGRO: Presidente Trump anuncia tarifa de 50% sobre todas as exportações do Brasil aos Estados Unidos

Ao justificar a medida, Trump afirmou que a relação comercial dos EUA com o Brasil é "injusta". "Nosso relacionamento, infelizmente, tem estado longe de ser recíproco", escreveu.

Ao justificar a medida, Trump afirmou que a relação comercial dos EUA com o Brasil é “injusta”. “Nosso relacionamento, infelizmente, tem estado longe de ser recíproco”, escreveu. Em 9 de julho de 2025, através de missiva endereçada ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump informou sua decisão de impor tarifa adicional àquelas já vigentes no percentual de 50%, aplicada a todo e qualquer produto brasileiro exportado para os Estados Unidos. A medida entrará em vigor em 1º de agosto. Ao justificar a medida, Trump afirmou que a relação comercial dos EUA com o Brasil é “injusta”. “Nosso relacionamento, infelizmente, tem estado longe de ser recíproco”, escreveu. Essa tarifa adicional incidirá sobre todas as exportações de açúcar e etanol do Brasil aos Estados Unidos. Não é conhecido ainda se o governo brasileiro adotará alguma medida em resposta, mas Trump já avisou em sua missiva que qualquer retaliação será compensada por tarifas adicionais equivalentes.
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    A Inovação do Plano Safra 2025/2026: Zoneamento Agrícola de Risco Climático e o paradoxo da exatidão
    No caso do açúcar, exportado pelo Brasil aos EUA através do regime de cota tarifaria, a tarifa de 50% impõe uma restrição que incidirá diretamente sobre os produtores / exportadores de açúcar da região Norte-Nordeste. Segundo a Lei nº 9.362/96, que visa conceder incentivos regionais, a região Norte-Nordeste é priorizada no acesso a mercados preferenciais para produtos derivados da cana-deaçúcar, e desta forma recebe anualmente uma cota de aproximadamente 146,6 mil toneladas de açúcar em bruto que é exportada aos EUA com alíquota zero. Acima deste volume, o imposto pode chegar a 80%. Esse é um volume extremamente baixo e que não corresponde à participação do Brasil na produção e exportação mundial, respectivamente de 44 milhões de toneladas e 34,5 milhões de toneladas, na safra 24/25. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'});Até mesmo para a região Norte-Nordeste esse volume é extremamente baixo, tendo em vista a produção e a exportação regional, estimada pela Datagro em 3,8 milhões de toneladas e 2,6 milhões de toneladas em 24/25. O governo brasileiro tem respondido reiteradamente às iniciativas do governo norte-americano pleiteando a isenção da tarifa aplicada pelo Brasil às importações de etanol de países fora do Mercosul (tarifa extra-cota) de 18%, que estaria disposto a discutir uma redução ou isenção se houver uma redução recíproca da tarifa de importação sobre o açúcar nos EUA, que pode chegar a 80% sobre o valor exportado. De qualquer maneira, a tarifa adicional de 50% anunciada por Trump em 9 de julho de 2025, implica um custo adicional anual para as exportações de açúcar realizadas através da cota tarifaria norte-americana, de cerca de 27,9 milhões de dólares (150 mil t x US$ 371/t x 50%). Para as exportações de etanol do Brasil aos EUA, considerando que em 2024 o Brasil exportou 309,72 milhões de litros, ao preço médio de US$ 0,587 por litro, a tarifa adicional de 50% representa um custo adicional anual estimado de 90,9 milhões de dólares (309,72 milhões de litros x US$ 0,587/l x 50%). Até 31 de agosto de 2017, a alíquota do imposto de importação aplicada pelo Brasil foi de 20%. Entre 01 de setembro de 2017 e 31 de agosto de 2019, o imposto foi alterado para zero para um volume limitado a 150 milhões de litros por trimestre. Para volumes importados acima deste limite, o imposto permaneceu em 20%. O regime de isenção limitado a volumes trimestrais foi encerrado em 1 de setembro de 2019. Entre 23 de março de 2022 e 31 de janeiro de 2023, o imposto de importação foi zerado para qualquer volume importado pelo Brasil a partir de países fora do Mercosul. Nesse período, o valor das importações de etanol dos EUA pelo Brasil foi de 82,98 milhões de dólares, para um volume de 117,42 milhões de litros (média mensal de 11,7 milhões de litros e 8,3 milhões de dólares). Entre 1 de fevereiro de 2023 e 31 de dezembro de 2023, o imposto de importação passou a ser de 16%, e a partir de 01 de janeiro de 2024 passou a ser de 18%. Entre fevereiro de 2023 e junho de 2025, foram importados um total 205,14 milhões de litros vindos dos EUA, por um valor de 97,82 milhões de dólares (média mensal de 7,07 milhões de litros e 3,37 milhões de dólares). Até o momento de edição desse reporte, o governo brasileiro não havia anunciado uma resposta à medida anunciada pelos Estados Unidos. Enquanto os setores de açúcar e etanol tendem a ser relativamente pouco afetados, a medida de Trump deve impactar de forma mais intensa as exportações brasileiras de aço, alumínio e carnes. Importância dos EUA para o agronegócio brasileiro Ao travar uma guerra de tarifas, Donald Trump tem justificado que a relação comercial com o Brasil tem sido injusta, “longe de ser recíproco”. Contudo, os números não corroboram o pretexto adotado pelo presidente norte-americano nesta discussão. Desde 2009 o Brasil tem registrado déficits comerciais (exportação menos importação) consecutivos com os EUA, o que reforça a intepretação de que as atitudes de Trump estejam mais alinhadas a objetivos políticos do que comerciais. O regime de imposto de importação de etanol aplicado pelo Brasil para importações de países fora do Mercosul (extra-zona) O governo dos EUA tem alegado que um dos motivos para o desequilíbrio entre os dois países é o imposto de importação de etanol do Brasil aos EUA. O imposto de importação (II) aplicado pelo Brasil para importações de etanol extra-zona tem variado bastante nos últimos anos. Por outro lado, os EUA são o terceiro maior destino das exportações do agronegócio do Brasil. Em 2024, o Brasil exportou US$ 164,30 bilhões em produtos agropecuários, sendo a China o principal destino, ao absorver 30,2% desse total, seguido pela União Europeia (14,1%) e pelos EUA (7,4%). O Brasil embarcou 9,39 milhões de toneladas em produtos agropecuários para os EUA em 2024, aumento de 8,1% em um ano. Em valor, as exportações para o mercado norte-americano cresceram 23,0% para um recorde de US$ 12,08 bilhões, com produtos florestais (30,8%), café (17,2%), carnes (11,7%) e sucos (9,9%) entre os principais itens embarcados pelo Brasil para os EUA. O segmento de açúcar e etanol (6,6%) figurou em quinto lugar no ranking de produtos agropecuários brasileiros exportados para os EUA. Todos esses setores foram pegos de surpresa com o anúncio da nova tributação sobre os produtos brasileiros. Os impactos relativos à nova tarifa de 50% ainda serão analisados pela indústria, que tendem a ser cumulativos. Logo após a publicação da carta de Trump nas redes sociais, o presidente Lula se manifestou oficialmente, defendendo as instituições brasileiras, que foram alvo de críticas do presidente norte-americano, a exemplo da Justiça. Lula adotou até o momento uma postura cautelosa ao não prometer revidar de imediato com um aumento recíproco de tarifas sobre os produtos norte-americanos que entram no mercado brasileiro. Resta aguardar por um ambiente de diálogo e de negociação para abrandar a tensão comercial entre os dois países. Fonte: Datagro VEJA TAMBÉM:
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  • Por: Redação

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