• Quarta-feira, 16 de julho de 2025

Exportação de perecíveis aos EUA é “urgente”, diz Alckmin

Vice-presidente cita risco de prejuízo com frutas e carnes já embarcadas antes da tarifa de 50% do país norte-americano.

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou nesta 3ª feira (15.jul.2025) que a situação dos produtos perecíveis brasileiros destinados aos Estados Unidos é “urgente”. Segundo ele, além desses itens, há preocupação no governo com cargas já embarcadas, diante da iminência da entrada em vigor das tarifas de 50% impostas por Washington a partir de 1º de agosto.

“São duas questões que exigem uma questão de prazo”, disse após reunião com representantes do agro. Uma delas é o risco de prejuízo com alimentos como frutas, que podem perder valor ou estragar antes de chegar ao destino. A outra envolve cargas já embarcadas rumo aos EUA, que podem ser afetadas pela entrada em vigor da tarifa ainda em trânsito.

Alckmin afirmou que o governo está ciente da urgência e trabalha para buscar uma solução antes de 1º de agosto, quando a taxação começará a valer.

Em linha, o presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), Roberto Perosa, afirmou que a aplicação da tarifa de 50% pelos Estados Unidos tornaria inviável a exportação de carne bovina brasileira ao país, que é o 2º maior comprador do produto, atrás apenas da China.

Segundo ele, frigoríficos brasileiros já começaram a interromper a produção destinada ao mercado norte-americano, diante da incerteza gerada pela medida. Disse que cerca de 30 mil toneladas de carne bovina brasileira estão prontas, em portos ou já embarcadas rumo aos EUA, o que representa entre US$ 150 milhões e US$ 160 milhões em produtos prestes a serem afetados pela nova taxação.

Guilherme Coelho, presidente da Abrafrutas (Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas), destacou o impacto imediato sobre a safra de manga, que começa em 1º de agosto e tem os Estados Unidos como principal destino internacional. Segundo ele, cerca de 1.500 contêineres já estão reservados para exportação, com logística definida e contratos firmados com redes de supermercados norte-americanas.

Coelho afirmou que a taxação de 50%, sobre uma tarifa que hoje é de 10%, tornaria inviável a venda das mangas brasileiras aos EUA. Disse ainda que não há tempo hábil nem estrutura para redirecionar os embarques à Europa ou ao mercado interno, o que poderia resultar em perdas significativas e desemprego em massa no Vale do São Francisco, região que concentra 90% da produção nacional da fruta.

“Essa safra foi planejada já há 6 meses, como todo ano fazemos.Está toda organizada em termos de embalagem […] Infelizmente, nós em uma hora dessa, não podemos pegar essa manga e jogar na Europa. O preço vai desabar, não tem logística para isso. Não podemos colocar essa manga no Brasil, porque vai colapsar o mercado. Então urge uma definição, urge um consenso”, declarou.

Segundo Alckmin, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não pretende pedir mais prazo para que as tarifas norte-americanas entrem em vigor. “O prazo é exíguo, impedindo um prazo maior, mas a ideia do governo não é pedir que o prazo seja estendido, mas resolver até o dia 31 [de julho]”, declarou.

Geraldo Alckmin afirmou que se reunirá na 4ª feira (16.jul) com a Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio). Também disse que ouvirá outros setores. Citou a indústria química, empresas de software, cooperativas e confederações nacionais, como CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), além de centrais sindicais.

Alckmin busca ouvir os setores mais afetados com o tarifaço para que, a partir disso, o governo brasileiro aja em relação ao tarifaço de Trump. Pela manhã, o titular do Mdic recebeu representantes da indústria.

Por: Poder360

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