O Hamas comprometeu-se a devolver os corpos, mas até o momento apenas transferiu 15 dos 28, afirmando não ter conseguido recuperar os restantes. Vinte reféns israelitas vivos foram libertados pelo Hamas na semana passada em troca de quase dois mil prisioneiros e detidos palestinianos nas prisões israelenses. Para a OMS, "todas as travessias disponíveis" são necessárias para levar ajuda suficiente a Gaza e pediu a Israel que permita que os grupos humanitários regressem ao território. "Não é possível ter uma resposta alargada sem aqueles que podem ajudar no terreno", sublinhou."Deve haver acesso total, não deve haver qualquer condição, especialmente depois de todos os reféns vivos terem sido libertados e uma boa parte dos restos mortais ter sido transferida. Não esperava que houvesse restrições adicionais", afirmou.

A ONU estimou anteriormente que custaria mais de 60 mil milhões de euros para reconstruir Gaza. Tedros frisou que cerca de dez por cento deste valor teria de ser gasto no seu sistema de saúde gravemente danificado.“Portanto, se os pilares forem removidos, com a desculpa de que poderiam ter uma dupla utilização, não será possível ter uma tenda", completou.
"Paz é o melhor remédio"
A entrevista ocorre em um momento que os EUA tentam reforçar o cessar-fogo que ajudaram a intermediar após um surto de violência no fim de semana. O acordo foi descrito pela Casa Branca como a primeira fase de um plano de paz de 20 pontos que inclui um aumento da quantidade de ajuda que entra em Gaza e de mantimentos distribuídos "sem interferência" de ambos os lados. Na entrevista à BBC, Tedros Ghebreyesus realçou que acolheu favoravelmente o acordo de cessar-fogo, mas afirmou que o aumento da ajuda humanitária subsequente foi inferior ao esperado. Israel permitiu que mais material médico e outro tipo de ajuda entrassem em Gaza desde que o cessar-fogo com o Hamas entrou em vigor no dia 10 de outubro, mas o diretor-geral da OMS considera que os níveis estão abaixo do necessário para reconstruir o sistema de saúde de Gaza. "Há muito tempo que dizemos que a paz é o melhor remédio”, recordou, para acrescentar que "o cessar-fogo que temos é muito frágil e algumas pessoas morreram mesmo depois do cessar-fogo, porque foi quebrado algumas vezes”, afirmou Tedros. Para o diretor-geral da OMS, "o que é muito triste é que muitas pessoas estavam a celebrando nas ruas porque estavam muito felizes com o acordo de paz. Imaginem, [algumas] dessas mesmas pessoas estão mortas depois de lhes terem dito que a guerra tinha acabado". *É proibida a reprodução deste conteúdo Relacionadas
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