• Terça-feira, 4 de novembro de 2025

Boulos: Há quem “faça populismo à base de sangue” no combate ao crime

Ministro defende combate ao crime organizado com inteligência financeira e critica ações “espetaculares” nas favelas.

O ministro Guilherme Boulos (Secretaria Geral da Presidência da República) afirmou na 2ª feira (3.nov.2025) que há políticos que fazem “populismo à base de sangue” ao criticar as operações policiais realizadas recentemente nos complexos da Maré e do Alemão, no Rio. A declaração foi dada durante evento da Casa Parlamento, organizado pela Esfera Brasil, em Brasília. É uma indireta ao governador fluminense, Cláudio Castro (PL), que conduziu as ações.

Boulos disse que existem duas formas de combater o crime: “Você pode combater o crime pegando ali na ponta e fazendo populismo à base de sangue”. Segundo ele, trata-se de uma exploração dessas ações de confronto direto como espetáculo político. Para ele, não há resultados duradouros com essa condução. A outra forma, declarou, é atacando a cabeça da criminalidade –algo que ele afirma que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está fazendo.

Nós temos várias áreas periféricas do nosso Brasil controladas por organizações de tráfico com milícias, e quando tem uma ação espetacular, para as pessoas é visto como algo bom, porque é meio desesperador. Então tem gente que usa isso para fazer política. É lamentável”, afirmou.

O ministro defendeu uma estratégia baseada em inteligência e investigação financeira, fazendo uma autorreferência ao trabalho do governo federal, exemplificado pela operação Carbono Oculto, que mirou em postos de gasolina e fintechs que seriam financiadoras de grupos criminosos como o PCC (Primeiro Comando da Capital).

Existe o jeito de combater o crime organizado que o Vinicius [Marques de Carvalho, ministro da CGU (Controladoria Geral da União)] fez, o [Robinson] Barreirinhas [secretário da Receita Federal]  fez, o Andrei [Rodrigues, diretor da Polícia Federal]  fez, todos por determinação do presidente Lula: é combater a cabeça do crime. É ir lá e pegar o que está acontecendo na lavagem de dinheiro –seja de uma fintech, seja de uma bet, seja de qualquer empresa”, disse.

Boulos criticou a lógica de ocupações policiais em territórios que são de baixa renda. “Nos territórios conflagrados, você não pode tratar a família trabalhadora como se fosse criminosa só porque ela vive numa comunidade onde o crime organizado está presente. Isso é uma forma preconceituosa, racista e desumana de tratar as coisas”, declarou.

O ministro disse que não é contra operações policiais, mas afirmou que o foco deve ser em ações de inteligência. “A operação policial mais eficaz é a de inteligência para combater o comando, onde eles estão infiltrados nas instituições, financiando ilegalmente campanhas e lavando o seu dinheiro por estruturas formais”, declarou. Segundo Boulos, o governo do presidente Lula é “o mais forte no combate ao crime organizado” que o Brasil teve.

Ao comparar resultados, Boulos disse que há diferença entre operações ostensivas e ações de investigação. “Pega a quantidade de fuzis apreendidos em operações de inteligência, coordenadas pela Polícia Federal, sem disparar um único tiro. É muito maior”, disse, sem citar dados.

Segundo ele, o país deve investir nesse modelo: “É nisso que nós temos que investir: no combate ao crime organizado, de maneira firme, de maneira inteligente, mas sem fazer demagogia com a vida das pessoas, que é o que essa operação acabou demonstrando”.

Por: Poder360

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