Bem-estar animal no confinamento: tendência de mercado ou necessidade econômica?
O bem-estar animal no confinamento não é custo, é investimento com retorno direto
O bem-estar animal no confinamento não é custo, é investimento com retorno direto Falar em bem-estar animal no confinamento não é mais coisa de “modismo”. Cada vez mais, a produtividade e o lucro estão diretamente ligados ao conforto, ao manejo e ao comportamento do boi. Além disso, frigoríficos, mercados externos e consumidores exigem práticas mais éticas. O que muita gente não percebe é que investir em bem-estar reduz perdas e melhora o desempenho, mesmo em confinamentos de menor estrutura.
1. O que é bem-estar animal no confinamento? Segundo a OIE (Organização Mundial da Saúde Animal), bem-estar é o estado físico e mental de um animal em relação às condições em que vive e morre. window._taboola = window._taboola || [];
_taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'});Os cinco princípios do bem-estar animal são:
Livre de fome e sede
Livre de desconforto
Livre de dor, ferimentos e doenças
Livre para expressar comportamentos naturais
Livre de medo e estresse
2. Por que o bem-estar impacta diretamente o desempenho? Animais estressados:
comem menos
se movimentam mais (gastam energia à toa)
têm maior risco de doenças
perdem peso ou deixam de ganhar
apresentam menor acabamento de carcaça
têm maior mortalidade e condenação de partes no frigorífico
Exemplo: Um animal submetido a manejo agressivo, calor excessivo ou cocho com competição perde até 20% de GPD, além de ter queda no rendimento de carcaça e pH alterado (carne DFD). 3. Boas práticas de bem-estar no confinamento Manejo calmo e diário
Evitar gritos, choques, agressões
Trabalhar em silêncio e com paciência
Evitar movimentar animais nas horas mais quentes do dia
Ter curral adequado, bem dimensionado e seguro
Ambiente confortável
Sombra (natural ou artificial) nos cochos e bebedouros
Espaço adequado por animal (mínimo 10 m² por cabeça no pátio)
Solo seco ou bem drenado
Cocho acessível a todos os animais (sem competição excessiva)
Água de qualidade
Água limpa, fresca e de fácil acesso
Vazão e altura compatíveis com a categoria animal
Animais desidratados têm queda brusca de consumo de matéria seca
Nutrição balanceada e adaptação ruminal
Transição correta de dieta → evita acidose e timpanismo
Evitar jejum prolongado
Ração sempre fresca e bem misturada
4. Impacto econômico do bem-estar Exemplo real de prejuízo por estresse:
GPD estimado: 1,5 kg/dia
Após manejo agressivo e sombra insuficiente → GPD caiu para 1,2 kg/dia
Perda de 0,3 kg/dia x 90 dias = 27 kg por animal
Em 100 bois, são 2.700 kg a menos no final do ciclo
Isso pode representar perda de mais de R$ 25.000 em um único lote.
5. Mercado está exigindo bem-estar
Programas como Boi na Linha, Carne Sustentável da Amazônia e Selo Angus já cobram critérios de bem-estar
Frigoríficos premium pagam mais por bois com manejo correto, acabamento uniforme e ausência de hematomas
Exportações para Europa, China e outros mercados valorizam o bem-estar
Conclusão: O bem-estar animal no confinamento não é custo, é investimento com retorno direto. Animais tranquilos e confortáveis comem melhor, ganham mais peso, convertem melhor e entregam carcaças superiores. Mais do que atender às exigências do mercado, é uma forma de produzir mais, com menos perda e mais ética. Gostou do conteúdo? Siga e compartlhe @comprerural para mais conteúdos como este direto da lida pra gestão e muito mais sobre nutrição, manejo, saúde animal e estratégias para uma pecuária mais moderna, eficiente e lucrativa. Escrito por Ela:Pâmela Laís Pontes Gomes
Estudante de Zootecnia na Unoeste-PP, Técnica em Agronegócio (FATEC Botucatu), com MBA em Agronegócio e Pós graduada em Agronomia. Atua com produção de conteúdo técnico voltado à pecuária de corte, com base na vivência prática no confinamento da Fazenda Roseira da Serra, em Bofete-SP. VEJA MAIS: