• Quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Autoritarista populista, diz Gilmar sobre governo Bolsonaro

Sem citar nomes, ministro do STF criticou gestão do ex-presidente por se "negar" a combater a covid e por questionar urnas.

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes classificou o governo de Jair Bolsonaro (PL) como um “autoritarismo populista” na noite desta 3ª feira (21.out.2025). Deu palestra no 28º Congresso Internacional de Direito Constitucional do IDP (Instituto de Desenvolvimento e Pesquisa). Gilmar é um dos coordenadores do evento e um dos sócios da instituição de ensino.

O ministro falava sobre temas recentes que o STF discutiu. Gilmar citou “ataques à Justiça Eleitoral” ao abordar os desafios que surgiram desde 2018. “Nós já realizamos, por muitos anos, eleições nas urnas eletrônicas, sem nenhum problema, com imensurável precisão. Não obstante, inventou-se –e isso faz parte desse menu do autoritarismo populista– que as urnas tinham falhas, para desacreditar o processo eleitoral e tentar garantir um golpe de Estado, como depois se provou”, disse. 

Bolsonaro questionou o uso de urnas eletrônicas diversas vezes durante seu governo. Só em 2021, foram mais de 20 críticas ao sistema eleitoral.  

Ainda nesta 3ª feira, o STF condenou os 7 réus do núcleo da “desinformação” sobre urnas eletrônicas. Por maioria, o colegiado voltou a negar as alegações de incompetência da Corte para julgar o caso e considerou que os acusados atuaram para “deslegitimar processo eleitoral” e “pressionar chefes das Forças Armadas para uma ruptura institucional”

Último a votar, o presidente da Turma, ministro Flávio Dino, afirmou que as fake news levaram à depredação do Supremo durante a invasão das sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023. “Se não houvesse fake news e desinformação, esse resultado não teria ocorrido. Há uma relação causal”, declarou. Luiz Fux foi o único a divergir.

Antes de falar sobre a Justiça Eleitoral, Gilmar Mendes também abordou a época que antecedeu a pandemia. “Tivemos sucessivos ataques ao Tribunal. A Corte tornou-se o maior alvo da ação política, dirigida pelo próprio presidente da República. Na instituição e nas pessoas de seus ministros”. 

Durante seu mandato, de 2019 a 2022, Jair Bolsonaro hostilizou ao menos 23 vezes os ministros do STF. Os principais alvos foram Alexandre de Moraes e Roberto Barroso, que foram criticados 13 e 11 vezes, respectivamente.

Por: Poder360

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