As vacas podem ser a chave para o maior mistério de Stonehenge

Nova pesquisa sugere que o gado teve papel crucial no transporte das pedras azuis que deram origem ao monumento pré-histórico conhecido como Stonehenge. Durante séculos, estudiosos e curiosos têm se perguntado como as enormes pedras azuis de Stonehenge, cada uma com várias toneladas, foram transportadas por cerca de 280 quilômetros das Colinas Preseli, no País de Gales, até a Planície de Salisbury, na Inglaterra. Agora, uma nova descoberta lança luz sobre esse enigma milenar: as vacas podem ter sido fundamentais nesse processo. Um simples dente de vaca, encontrado há quase cem anos na entrada sul de Stonehenge, se tornou peça-chave para entender a logística da construção. Pesquisadores do British Geological Survey, da Universidade de Cardiff e do University College London analisaram o fóssil utilizando técnicas modernas de isótopos, capazes de rastrear a dieta e os deslocamentos do animal há cerca de 5.000 anos.

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Os resultados revelaram que a vaca viveu por pelo menos seis meses alternando sua alimentação entre forragem de floresta no inverno e pastagem aberta no verão. Mais surpreendente ainda, os isótopos de estrôncio e chumbo presentes no dente correspondiam às características geológicas do País de Gales — a mesma região de origem das pedras azuis de Stonehenge. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'});A evidência sugere que o gado não apenas acompanhou os construtores, mas também pode ter servido como força de tração para arrastar suprimentos e até as próprias pedras ao longo da árdua jornada até Salisbury Plain. “ Um pedaço de um dente de vaca nos contou uma história extraordinária”, afirmou a professora Jane Evans, da Sociedade Geológica Britânica, destacando a importância do achado. Outro detalhe intrigante foi revelado: análises indicam que a vaca provavelmente era fêmea e estava prenhe durante a viagem. Isso transforma o animal em um poderoso símbolo de força, fertilidade e renovação, características que podem ter tido valor ritual no contexto da construção do monumento. Por muito tempo, Stonehenge foi visto como uma obra de pura engenharia humana. Agora, os indícios apontam para uma narrativa mais complexa, em que as vacas desempenharam um papel ativo e essencial. Além de possíveis “depósitos rituais”, os animais foram parceiros vivos do processo construtivo. “ Esta pesquisa fornece detalhes incomparáveis sobre a biografia deste animal, revelando a ligação entre suas origens no País de Gales e a jornada até Stonehenge”, explicou o professor Richard Madgwick, da Universidade de Cardiff. Com isso, a compreensão sobre o monumento ganha uma nova dimensão: não apenas a genialidade humana, mas também a contribuição animal ajudaram a erguer um dos símbolos mais icônicos da pré-história mundial.