• Sábado, 15 de março de 2025

Antes mais rico, Brasil tem agora 12% do PIB chinês e 56% do indiano

Economia do país subiu 18 vezes menos que na China, segundo levantamento da Austin Rating.

Em 40 anos de democracia, o Brasil viu o tamanho do seu PIB (Produto Interno Bruto) ser ultrapassado e se distanciar de outros emergentes, como a China e a Índia, que já foram considerados países de Terceiro Mundo.

O PIB nominal do Brasil era de US$ 769 bilhões em 1995, superior ao da China (US$ 735 bilhões) no período. Foi a última vez que a economia brasileira ficou à frente do país asiático em termos nominais. De lá para cá, a produção do Brasil cresceu e atingiu US$ 2,18 trilhões em 2024. Na China, avançou para US$ 18,27 trilhões, a 2ª maior economia global.

O efeito foi similar com a Índia. A última vez que a economia brasileira foi maior que a da Índia foi em 2013. A produção do país asiático foi de US$ 3,89 trilhões em 2024. O PIB brasileiro equivale a 56% do PIB indiano atualmente.

Levantamento do economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, a pedido do Poder360, mostrou que a economia brasileira cresceu 167% no acumulado de 1985 a 2025. A China cresceu 17 vezes mais. A Índia, 6 vezes mais. O estudo foi feito com base na metodologia PPP (paridade do poder de compra, na sigla em inglês), quando se usa a taxa de câmbio como referência para comprar a mesma quantidade de bens e serviços em cada país.

“O processo de hiperinflação ao final dos anos 1980 e que prevaleceu por metade da década de 1990 derrubou o PIB brasileiro e resultou do forte processo de concentração de renda como vemos hoje. A derrocada do PIB brasileiro foi tão grande desde a década de 1990 que, atualmente, o PIB do Brasil representa apenas 12% do PIB da China e 56% do PIB da Índia”, declara o economista.

A China teve expansão de 2.933% no período, enquanto que a Índia teve alta de 1.007%. O crescimento do Brasil ficou abaixo das taxas da Coreia do Sul (736%), da Turquia (533%), da Austrália (239%) e dos Estados Unidos (190%).

Na América Latina, O Brasil teve um desempenho pior que o de 13 países. Ficou à frente de El Salvador (164%), Nicarágua (160%), México (126%), Argentina (110%), Suriname (77%) e Venezuela (-37%).

Agostini diz que o desempenho do PIB brasileiro foi “fraco” na última década por causa de “políticas econômicas equivocadas, com foco no populismo político”. Ele avalia que autoridades, principalmente do governo federal, tiveram preocupação com a manutenção do poder, sem se concentrar numa política sustentável que pudesse oferecer prosperidade econômica e social.

“Enquanto os países da Ásia têm foco no longo prazo, com políticas econômicas focadas na atração e realização de investimentos, no Brasil o foco sempre é no curto prazo e, geralmente, no período de gestão de 4 anos, fato que gera, recorrentemente, desequilíbrios na execução da política fiscal e, por consequência, efeitos colaterais negativos na economia como inflação e juros em alta, com redução do poder de compra e mais concentração de renda”, diz o economista.

Agostini defende que, se os gestores públicos não mudarem o “plano de voo” em relação a políticas econômicas com foco nos investimentos e retornos de longo prazo, o Brasil estará “fadado a continuar com medíocres índices de crescimento do PIB e da renda nacional”.

O economista avalia que, sem mudanças, as diferenças sociais acentuam a situação de vulnerabilidade juvenil que se transformarão em maiores taxas de violência.

“Basta ver o comparativo entre carga tributária e IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que no Brasil tem uma carga de aproximadamente 33% e um IDH de 0,76, enquanto países da Ásia têm carga tributária média de 28% e IDH de 0,92. Ou seja, há melhor eficiência na alocação de recursos públicos nesses países que fazem a diferença nas áreas de educação, saúde, segurança e gestão empresarial”, diz Agostini.

Para manter a padronização dos dados entre os países, a Austin Rating utilizou como fonte informações do FMI (Fundo Monetário Internacional).

Utilizou como método a PPP (paridade do poder de compra, na sigla em inglês). O valor do PIB dos países é transformado para uma unidade única para evitar distorções comparativas entre economias caso seja diretamente convertido pela taxa de câmbio.

“Por exemplo, se convertermos o PIB brasileiro em reais diretamente para o dólar, vamos incluir no cálculo as influências (positivas ou negativas) provocadas pela variação cambial”, diz Agostini.

O economista calculou o PIB para cada país considerando o custo de vida local –valores de bens e serviços de uma cesta de consumo padrão– e a capacidade de compra de um cidadão para saciar suas necessidades. Depois deste ajuste, é convertido para uma cotação única do dólar.

O Poder360 preparou uma série especial de reportagens sobre os 40 anos de democracia no Brasil. Leia abaixo:

Leia as entrevistas da série especial:

Por: Poder360

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