Milhares de sérvios irão às ruas de Belgrado neste sábado (15.mar.2025) para se manifestarem contra o governo. O ato se soma a outros realizados desde o fim de 2024. A expectativa é de que seja o maior até o momento e represente um marco decisivo para a crise política que o país enfrenta.
O presidente sérvio, Aleksandar Vučić (Partido Progressista Sérvio, centro), alertou que o protesto poderia resultar em “derramamento de sangue” caso houvesse violência. Ele também ameaçou prender participantes caso o ato se tornasse violento e afirmou que só deixaria o poder “quando fosse morto”, segundo informações da AP.
Em comunicado divulgado na 6ª feira (14.mar), o porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Jeremy Laurence, pediu que o ato seja pacífico. Também solicitou que as autoridades sérvias permitam que a manifestação seja realizada sem interferência injustificada.
“O escritório de Direitos Humanos da ONU lembra à Sérvia que ela está vinculada por suas obrigações sob o direito internacional dos direitos humanos a proteger e respeitar o pleno exercício dos direitos à liberdade de reunião pacífica e à liberdade de expressão”, afirmou.
Belgrado é o destino de uma caravana de protestos que passou pelas 3 maiores cidades da Sérvia, depois da capital: Novi Sad, Kragujevac e Niš. Estudantes de todo o país percorreram centenas de quilômetros a pé para participarem do ato.
As manifestações na Sérvia começaram depois de uma cobertura de concreto recém-construída desabar na estação ferroviária de Novi Sad, a 2ª maior cidade da Sérvia, em 1º de novembro. O episódio causou a morte de 15 pessoas. A tragédia provocou uma onda de indignação popular, com a população responsabilizando o governo por negligência, corrupção e falhas na fiscalização de obras públicas.
Estudantes universitários lideram os protestos, que contam com a participação crescente de diversos setores da sociedade. Os atos já resultaram nas renúncias do ministro da Infraestrutura Goran Vesić e do primeiro-ministro Miloš Vučević (Partido Progressista Sérvio, centro), que foi prefeito de Novi Sad durante grande parte da renovação da estação ferroviária.
As demissões, no entanto, tiveram pouco efeito sobre os manifestantes. O principal ponto exigido por eles é uma reforma total do sistema no país, começando pelo fim do governo “autoritário” de Aleksandar Vučić.
Além disso, os manifestantes exigem que o governo atenda 4 demandas para o fim do movimento:
Nenhuma dessas demandas foi atendida até o momento. Em 4 de março, parlamentares tentaram votar uma lei para aumentar o financiamento da educação superior, mas a proposta foi rejeitada pela coalizão governista.
Em protesto, congressistas da oposição lançaram bombas de fumaça e acenderam sinalizadores dentro da Assembleia Nacional, em Belgrado.