• Terça-feira, 21 de outubro de 2025

Airbus: Brasil pode liderar produção de biocombustível aéreo

Presidente na América Latina diz que país tem vantagens únicas para ser referência global e neutralizar carbono até 2050.

O presidente da Airbus para a América Latina e o Caribe, Arturo Barreira, afirmou que o Brasil tem uma “oportunidade única” para se tornar líder mundial na produção de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês).

Em entrevista ao Poder360, o executivo disse que o país reúne vantagens competitivas e que a empresa tem atuado ativamente no país e participado das discussões sobre a regulamentação do setor.

“Temos sido extremamente ativos no desenvolvimento de iniciativas, em particular no Brasil”, disse Barreira. “Acreditamos que o Brasil tem uma oportunidade única de ser uma força no desenvolvimento do SAF para a aviação”, continuou.

Segundo Barreira, a Airbus colaborou no debate sobre o projeto de lei Combustível do Futuro, que estabelece metas de uso de SAF em voos comerciais. Ele lembrou que o presidente da empresa no país, Gilberto Peralta, chegou a participar de audiências no Congresso.

A Airbus já adapta suas aeronaves para operar com o biocombustível. “Também temos sido muito ativos na preparação dos nossos aviões para que hoje sejam certificados com 50% de mistura SAF”, afirmou Barreira.

“Nosso objetivo é que até o fim da década todo o nosso equipamento, de helicópteros a aviões, seja 100% compatível com SAF”, declarou Barreira ao jornal digital. Atualmente, os modelos da fabricante já são certificados para operar com até 50% de mistura do biocombustível.

A avaliação de Barreira ocorre no momento em que a Petrobras avança na produção nacional de SAF.

A Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro, foi a 1ª do país certificada para produzir o biocombustível, com capacidade de 50.000 m³ por mês.

O produto será fabricado pela rota Hefa, que combina óleos vegetais e gorduras com correntes de petróleo, e poderá ser misturado diretamente ao querosene convencional, sem necessidade de adaptações nas aeronaves.

Além de desenvolver produtos compatíveis com o SAF, a Airbus também utiliza o biocombustível em suas próprias operações.

Em 2024, a meta era atingir 15% de uso de SAF em voos de teste, de entrega e na frota Beluga, o equivalente a mais de 16 milhões de litros. O resultado superou o previsto: a empresa chegou a 18%, cerca de 12.000 toneladas consumidas.

Barreira afirmou que o combustível sustentável será o principal vetor para atingir a meta de neutralidade de carbono em 2050, mas ressaltou que a transição exigirá esforços combinados.

“Chegar à emissão líquida zero até 2050 não depende de uma única solução. É uma combinação de fatores: SAF, novas tecnologias, eficiência operacional e mecanismos de compensação”, disse.

Por: Poder360

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