As ações da Embraer operavam em baixa na manhã desta 6ª feira (26.dez.2025) em reação ao anúncio de redução nas encomendas de aeronaves feitas pela Azul Linhas Aéreas. Os papéis da fabricante brasileira recuavam 1,05%, cotados a R$ 88,96, por volta das 11h50.
A queda ocorre depois de a Embraer informar, na 3ª feira (23.dez), que ajustou os contratos firmados com a Azul de 2014 a 2018 para a venda de jatos do modelo E195-E2. As duas empresas concordaram em reduzir o número de aeronaves encomendadas de 51 para 25 unidades. Eis a íntegra do comunicado (PDF – 142 kB).
No documento, a Embraer afirmou que a renegociação está relacionada ao processo de recuperação judicial da Azul nos Estados Unidos, conduzido sob o Chapter 11 da Lei de Falências norte-americana. Segundo a fabricante informou em comunicado aos investidores, o acordo foi homologado pelo Tribunal em audiência realizada em 18 de dezembro de 2025, com publicação da ordem judicial em 22 de dezembro.
A Azul entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos em maio de 2025, após enfrentar dificuldades financeiras decorrentes do aumento de custos e dos efeitos prolongados da pandemia sobre o setor aéreo. Em 12 de dezembro, o Tribunal de Falências dos Estados Unidos do Distrito Sul de Nova York aprovou o plano de reorganização da companhia.
O plano estima a redução da dívida líquida de cerca de US$ 7 bilhões para aproximadamente US$ 3,7 bilhões, por meio da renegociação de passivos e da conversão de dívidas em ações. Leia a íntegra do comunicado enviado ao mercado (PDF – 151 kB).
Como parte do processo, a empresa protocolou na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) um pedido de registro para uma oferta pública de ações estimada em R$ 7,44 bilhões, sendo R$ 7,34 bilhões em ações preferenciais.
Segundo a Azul, as medidas têm como objetivo reforçar a liquidez, reduzir o endividamento e viabilizar a conclusão do processo de recuperação judicial nos próximos meses.
A renegociação acontece em um momento em que o governo federal tem intensificado o discurso em defesa da compra de aeronaves produzidas no Brasil. Em recente declaração em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou companhias aéreas nacionais por priorizarem modelos estrangeiros.
“Você sabe quem falta descobrir o avião no Brasil? Os brasileiros. As empresas que voam aqui no Brasil precisavam descobrir a Embraer. […] Se a Embraer vendesse os aviões que eles compram da Boeing, a Embraer poderia produzir o dobro de aviões”, declarou o presidente.
Apesar do corte nas encomendas, a Azul segue como a companhia aérea com maior número de aviões da Embraer em operação no país e a principal operadora da família E2 no Hemisfério Sul. Desde 2019, a empresa recebeu 39 jatos E2, usados sobretudo em rotas domésticas e regionais.
No setor, a Latam Airlines anunciou em setembro um pedido de até 74 aeronaves E195-E2, com entregas programadas a partir do 2º semestre de 2026.
De acordo com o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), a meta é elevar a participação da Embraer na aviação comercial brasileira de cerca de 12% para mais de 20% até o fim do 3º mandato do presidente Lula.
Para efeito de comparação, ele citou que nos Estados Unidos 50% da frota é Boeing, e na França, 49% é Airbus.
A compra anunciada pela Latam deve elevar essa fatia para algo próximo de 18%, enquanto negociações seguem em curso com a GOL para a eventual inclusão de aviões da Embraer em sua frota.





