Um acidente que envolveu um caminhão que transportava ajuda humanitária causou a morte de 20 pessoas na Faixa de Gaza, segundo informou nesta 4ª feira (6.ago.2025) a defesa civil do enclave. De acordo com as autoridades, o veículo capotou e deixou dezenas de pessoas feridas.
Segundo um comunicado divulgado pelo gabinete de imprensa do governo da Faixa de Gaza, controlado pelo Hamas, a responsabilidade pelo acidente é do exército israelense, que teria fechado diversas estradas principais, obrigando os caminhões a circularem por vias consideradas perigosas e precárias. As informações são da AFP (Agence France-Presse).
Segundo a nota, as rotas utilizadas estão “cheias de civis famintos, que esperam há semanas para satisfazer as necessidades básicas da vida”, o que acaba levando a tumultos e ataques contra os veículos que transportam suprimentos essenciais.
O acidente com o caminhão se deu algumas horas depois de a ONU (Organização das Nações Unidas) reforçar o apelo por mais ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, defendendo a utilização de todos os portos e corredores disponíveis para facilitar a entrada de mantimentos.
As autoridades locais dizem que o veículo capotou sobre as pessoas que estavam reunidas tentando conseguir alguma comida.
O governo da Faixa de Gaza classificou o episódio como parte de uma conduta criminosa deliberada: “Face à deterioração humanitária sem precedentes observada na Faixa de Gaza, a ocupação israelense continua a cometer o crime de fome em massa contra mais de 2,4 milhões de pessoas, ao continuar a fechar as passagens fronteiriças e impedir a entrada de ajuda humanitária e materiais básicos”.
Israel afirmou que vai permitir a entrada gradual e controlada de mercadorias na Faixa de Gaza por meio de comerciantes locais. Segundo a agência Reuters, a informação foi divulgada na 3ª feira (5.ago.2025) pela Cogat, a agência militar israelense que coordena a ajuda humanitária.
Autoridades palestinas e da ONU afirmam que Gaza precisa de cerca de 600 caminhões de ajuda por dia para atender às necessidades humanitárias –o número que Israel permitia entrar em Gaza antes da guerra.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) identificou um aumento da desnutrição causada pela fome na Faixa de Gaza. O diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que a agência ficou impossibilitada de entregar qualquer tipo de alimento no território palestino durante quase 80 dias, de março a maio de 2025.
Israel interrompeu o fornecimento de suprimentos para Gaza em março. O bloqueio foi parcialmente suspenso em maio, mas as condições para a entrada de ajuda humanitária ainda limitam o acesso a alimentos.
