• Quarta-feira, 15 de outubro de 2025

“A voz de um inocente foi escutada”, diz irmã de Mairlon após soltura

Francisco Mairlon Barros Aguiar deixou a Papuda depois de ter condenação anulada pelo STJ; família celebrou decisão.

Maria Naiara de Barros Aguiar, irmã de Francisco Mairlon Barros Aguiar, comemorou nesta 4ª feira (15.out.2025) a soltura do irmão, que teve julgamento anulado na 3ª feira (14.out.2025). “A voz de um inocente foi escutada. Eu acreditava e nunca vou deixar de acreditar na inocência do meu irmão. Eu lutei muito para esse dia acontecer. Só quero ver meu irmão livre”, declarou.

Mairlon havia sido sentenciado a 47 anos de prisão por homicídio qualificado e furto contra o ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) José Guilherme Villela, sua mulher, Maria Carvalho Villela, e a empregada do casal, Francisca Nascimento da Silva. O STJ (Superior Tribunal de Justiça), no entanto, classificou a condenação como um “erro judiciário gravíssimo”.

Depois da condenação, em 2010, Naiara e José Victor Barros Aguiar, também irmão de Mairlon, se tornaram advogados. Em entrevista a jornalistas, ela disse sempre ter acreditado na inocência do irmão.

Naiara também agradeceu à ONG Innocence Project Brasil e à advogada Dora Cavalcanti. “Isso só foi possível por conta da ONG. E só quero ver meu irmão livre e inocente dessa situação”, declarou.

José Victor afirmou que a família lutou pela inocência de Mairlon. “A gente sabe que ainda há muitos inocentes presos nas cadeias públicas do Brasil. Sabemos que é um sofrimento enorme”, afirmou.

Naiara publicou no seu perfil do Instagram um vídeo do irmão abraçado uma mulher. “Assisti de perto as dores, a injustiça e o silêncio. Transformei essa dor em propósito e me formei em Direito para lutar pela verdade dele”, escreveu na legenda.

Post de Maria Naiara Barros de Aguiar, irmã de Francisco Mairlon Barros Aguiar, em seu perfil no Instagram. No post, ela comemora o reconhecimento da inocência do irmão que ficou preso por 15 anos.

A 6ª Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) anulou na 3ª feira (14.out.2025) a condenação e determinou a soltura imediata de Francisco Mairlon Barros Aguiar. Ele estava preso havia 14 anos e 11 meses, cumprindo uma sentença de 47 anos de prisão por homicídio qualificado e furto pelo caso que ficou conhecido como o Crime da 113 Sul, em referência à quadra na Asa Sul, região central de Brasília.

Aguiar foi apontado como corréu, junto de Leonardo Campos Alves e Paulo Cardoso Santana, pelos assassinatos do ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) José Guilherme Villela, de sua mulher, Maria Carvalho Villela, e da empregada doméstica do casal, Francisca Nascimento da Silva, em agosto de 2009. Os 3 foram mortos a facadas no apartamento do ministro. Foram levados do local dólares e joias.

Ele foi preso pela Polícia Civil de Brasília em novembro de 2010. Em 2013, foi condenado pelo Tribunal do Júri a 55 anos de prisão. A pena foi reduzida para 47 anos na 2ª Instância.

Ao analisar o caso de Francisco Mairlon Barros Aguiar, o ministro relator do STJ Sebastião Reis Júnior entendeu que o juízo não avaliou outros elementos de ampla investigação do crime.

Segundo ele, a confissão apresentada pela polícia e o relato dos corréus foram provas insuficientes. Além disso, havia depoimentos que inocentavam Aguiar e relatos extrajudiciais que o incriminavam.

O relator considerou que o juiz deveria ter confrontado as falas com as outras provas antes de submeter o caso ao júri. Desta forma, concluiu que houve violação dos princípios de presunção de inocência.

Por: Poder360

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