• Sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Wajngarten tentou aproximar Eduardo Bolsonaro de Netanyahu, diz PF

Relatório indica que ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro articulou contato entre deputado e premiê israelense em julho de 2025.

A PF (Polícia Federal) identificou que Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação do governo Jair Bolsonaro (PL), tentou intermediar uma ligação entre o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. A informação consta em relatório divulgado na 5ª feira (21.ago.2025), baseado na análise de mensagens enviadas por Wajngarten ao ex-presidente em 9 de julho de 2025.

Segundo o documento, o objetivo da articulação era aproximar Eduardo Bolsonaro de Netanyahu em um momento considerado estratégico para alinhamento político com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano). Em uma das mensagens, Wajngarten escreveu a Jair Bolsonaro: “Presidente, liguei para o embaixador Shelley e pedi para ver se ele consegue colocar o Bibi na linha com o Eduardo”.

A PF indica que “Bibi” é a forma como Netanyahu é conhecido e que o “embaixador Shelley” citado por Wajngarten se refere a Yossi Shelley, ex-embaixador de Israel no Brasil. O ex-secretário também informou ter compartilhado mensagens de Trump com representantes israelenses para manter todos “na mesma página”.

O relatório registra ainda que Jair Bolsonaro respondeu aos contatos de Wajngarten enviando uma figurinha em que aparece ao lado de Trump. A PF, porém, não esclarece se a conversa entre Eduardo Bolsonaro e Netanyahu chegou de fato a acontecer, nem quais serão os próximos passos da investigação.

O Poder360 procurou Fábio Wajngarten por meio de aplicativo de mensagens para perguntar se gostaria de se manifestar a respeito do que diz o relatório da PF. Não houve resposta até a publicação desta reportagem. O texto será atualizado caso uma manifestação seja enviada a este jornal digital.

A PF (Polícia Federal) informou na 4ª feira (20.ago.2025) que indiciou Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por coação no curso do processo na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado, na qual Bolsonaro é o principal réu.

O indiciamento se dá no inquérito que apura a atuação de Eduardo nos Estados Unidos, onde ele teria articulado medidas de pressão e sanções contra autoridades brasileiras. O documento de 170 páginas mostra conversas entre Eduardo e o pai.

Em uma delas, o congressista xinga o ex-presidente. Há também no relatório uma minuta que seria um pedido de asilo de Bolsonaro ao presidente da Argentina, Javier Milei (La Libertad Avanza, direita).

A investigação foi aberta em maio por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). O relatório final da PF conclui que Bolsonaro e Eduardo, com apoio do jornalista Paulo Figueiredo e do pastor Silas Malafaia, atuaram para interferir na Ação Penal 2.668, que investiga a trama para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo a PF, as ações de Eduardo e dos demais investigados têm como alvo direto instituições democráticas, principalmente o STF e o Congresso Nacional, para submetê-las a interesses pessoais. O relatório detalha que o grupo buscou coagir integrantes do Poder Judiciário e, mais recentemente, da Câmara e do Senado, mirando influenciar decisões em benefício próprio.

Entre as condutas apontadas estão tentativas de pressionar congressistas para aprovar propostas de anistia e destituir ministros do Supremo por supostos crimes de responsabilidade. As ameaças incluíram também imposição de sanções aos presidentes da Câmara e do Senado, configurando tentativa de restringir o livre exercício do Poder Legislativo e interferir nas funções do Judiciário.

O relatório foi encaminhado a Moraes e deve agora seguir para a PGR (Procuradoria Geral da República). Caberá ao procurador-geral, Paulo Gonet, decidir se apresenta denúncia, requisita novas diligências ou solicita o arquivamento do caso.

Depois do indiciamento, o ministro ainda deu 48h para Bolsonaro apresentar esclarecimentos sobre o descumprimento reiterado de medidas cautelares impostas pela Corte. O prazo se encerra na noite desta 6ª feira (22.ago).

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Por: Poder360

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