O Brasil exportou 2,733 milhões de sacas de 60 kg de café em junho, uma redução de 27,6% no volume embarcado em relação ao mesmo período de 2024, segundo o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). A receita cambial movimentada em junho de 2025 foi recorde para o período por causa do preço do grão no mercado internacional. A receita cresceu 10,4%, chegando a US$ 1,033 bilhão.
A associação informou, em nota, que o movimento já era esperado. “Uma redução nos embarques já era aguardada neste ano, uma vez que vimos exportações recordes em 2024, estamos com estoques reduzidos e uma safra sem excedentes, com o potencial produtivo total impactado pelo clima. No que se refere à receita cambial, ainda surfamos a onda dos elevados preços no mercado internacional, que refletem o apertado equilíbrio entre oferta e demanda ou mesmo um leve deficit na disponibilidade”, afirmou Márcio Ferreira, presidente do Cecafé.
Os Estados Unidos foram os maiores compradores do café brasileiro no acumulado dos 7 primeiros meses de 2025, com a importação de 3,713 milhões de sacas, 16,8% dos embarques totais. Até o período analisado pelo Cecafé, ainda não se registrava impacto negativo do tarifaço norte-americano nos embarques. Os resultados virão no balanço do próximo mês.
“Até julho, não observamos de fato o impacto do tarifaço de 50% do governo dos Estados Unidos imposto para a importação dos cafés do Brasil, já que a vigência da medida começou em 6 de agosto. A partir de agora, as indústrias americanas estão em compasso de espera, pois possuem estoque por 30 a 60 dias, o que gera algum fôlego para aguardarem um pouco mais as negociações em andamento. Porém, o que já visualizamos são eventuais pedidos de prorrogação, que são extremamente prejudiciais ao setor”, disse Ferreira.
O Cecafé informou que segue negociando com o setor privado norte-americano para que o produto entre numa nova lista de isenção de tarifas, uma vez que não é cultivado em escala no país parceiro e, ainda, por desempenhar papel fundamental na economia dos EUA e “na satisfação dos consumidores locais”.
“Não podemos, em hipótese alguma, sacrificar uma relação comercial construída em favor da cafeicultura com esmero, respeito e dedicação, de ambos os lados, em prejuízo de centenas de milhares de produtores e consumidores […] Principalmente no caso do café solúvel, produto acabado, de valor agregado e gerador de empregos, nossas indústrias, infelizmente, vêm sendo penalizadas em vários destinos das nossas exportações”, diz a associação.
Enquanto a isenção não vira realidade, o setor cafeeiro espera medidas “temporariamente compensatórias” para que consiga seguir os trabalhos num cenário de desequilíbrio comercial entre os cafés do Brasil frente às demais origens que exportam para os Estados Unidos, bem como para outros destinos.
A Alemanha foi o 2º maior destino do café brasileiro, com a importação de 2,656 milhões de sacas e queda de 34,1% em relação aos 7 primeiros meses de 2024; Itália em 3º lugar, com 1,733 milhão de sacas e redução de 21,9%.