Com o fim do 2º semestre de 2025, o senador Alessandro Vieira (MDB-SE) se consolidou como o grande protagonista das principais pautas que passaram pelo Congresso Nacional.
De perfil sereno e modesto, o ex-delegado sergipano de 50 anos esteve relacionado direta ou indiretamente a temas como a defesa de crianças e adolescentes on-line, combate ao crime organizado e estabilidade do Poder Legislativo.
Colegas do senador afirmaram ao Poder360 que o motivo para sua ascensão é seu “bom trânsito” com integrantes do governo e da oposição. Entretanto, as posições de Vieira foram contundentes e nada isentas, apesar de seu perfil “conciliador”.
O principal assunto a mobilizar manifestantes nas ruas em todo o Brasil foi a aprovação na Câmara dos Deputados da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 3 de 2021, conhecida como PEC da Blindagem –para os mais críticos, PEC da Bandidagem.
Na prática, o texto aprovado com mais de 340 votos tornava quase nulos os caminhos para punir judicialmente um congressista, inclusive com voto secreto. Leia mais a respeito nesta reportagem.
Assim que o texto chegou no Senado, Alessandro Vieira foi designado relator da proposta na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Prontamente se posicionou contrário: “Minha posição sobre o tema é pública e o relatório será pela rejeição, demonstrando tecnicamente os enormes prejuízos que essa proposta pode causar aos brasileiros.”
O resultado do enterramento da PEC foi um estremecimento na relação entre as duas casas do Congresso Nacional. O Senado emergiu como o responsável por corrigir o erro da Câmara, aos olhos da população que ocupou as ruas em setembro deste ano. Vieira foi o rosto da ação.
Outro assunto de destaque em 2025 foi a “Adultização”, ou a exploração de crianças e adolescentes no ambiente digital. O termo foi cunhado pelo influenciador Felca, autor do vídeo viral em que denuncia casos de adultização que inclusive levaram à prisão de influenciadores.
Em setembro deste ano, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Vieira viu um projeto de sua autoria ser sancionado: a criação de um ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) digital, com medidas de proteção para grupos vulneráveis, como vinculação e controle parental, transparência de aplicativos e multas para infratores.
Alinhado a sua carreira anterior à política, Alessandro Vieira tomou conta dos assuntos vinculados ao combate ao crime organizado que passaram pelo Senado. Os episódios de protagonismo do senador foram divididos nos seguintes momentos:
Outra relatoria importante de Vieira no ano foi a MP (Medida Provisória) 1.317, de 2025, que transforma a ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados) em uma agência reguladora. Aprovada na comissão especial em dezembro, a medida aguarda 2026 para ser promulgada em plenário.
Intencionalmente ou não, o protagonismo de Alessandro Vieira o coloca em um holofote para o ano eleitoral que se aproxima. Eleito senador pela 1ª vez em 2018, ele busca a reeleição em uma chapa com o apoio do atual governador de Sergipe, Fábio Mitidieri (PSD).
Ao Poder360, o senador afirmou que seu reconhecimento vem por “não ter rabo preso com ninguém” e por “trabalhar pelo o que é certo”.
“Eu não sou histriônico, sou até tímido, na verdade. Entro na política sempre focado em tentar resolver problemas que quem estava lá na minha visão não sabia resolver, ou não queria resolver e continuo fazendo isso aqui, do mesmo jeito que eu sempre fui.”
Desde o protagonismo nas pautas quentes do Congresso, Vieira apareceu mais em entrevistas, foi mais procurado por jornalistas e aumentou seus números nas redes sociais.
“Todo mundo aqui sabe que eu não estou atrás de emenda, não estou atrás de safadeza, não estou atrás de ficar no cargo, eu quero resolver os problemas. E acho que gente assim na mesa sempre ajuda”, disse Vieira.
Esta reportagem foi escrita pelo estagiário de jornalismo Davi Alencar, sob a supervisão do editor-assistente Lucas Fantinatti.





