Vaqueiro contratado pelo Ibama é morto em emboscada na Terra Indígena Apyterewa; veja

Crime em que vaqueiro contratado pelo Ibama é morto, ocorreu durante operação federal de retirada de gado ilegal na Terra Indígena Apyterewa, no Pará, e expõe o nível de tensão em uma das áreas mais conflituosas da Amazônia A morte de um vaqueiro contratado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), ocorrida nesta segunda-feira (15), durante uma operação federal na Terra Indígena Apyterewa, em São Félix do Xingu, no sudeste do Pará, trouxe novamente à tona a escalada de violência em regiões marcadas por conflitos fundiários, ambientais e pela presença de atividades ilegais. O trabalhador foi atingido por um disparo de arma de fogo em uma emboscada, enquanto atuava na retirada de gado mantido irregularmente dentro do território indígena . A operação integra o processo de desintrusão determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que prevê a retirada de ocupantes não indígenas e de rebanhos criados ilegalmente dentro da área demarcada, habitada pelo povo Parakanã. Desde setembro de 2025, a região é palco de uma das maiores ações integradas já realizadas no país para cumprir decisões judiciais e conter o avanço do desmatamento.

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Como ocorreu o ataque Segundo informações apuradas pelas autoridades e confirmadas pelo Ibama, o vaqueiro participava da ação de retirada de animais quando se afastou do grupo principal para reunir cabeças de gado que estavam soltas em um trecho conhecido como Linha 10, na estrada do “Capacete”. Nesse momento, ele foi surpreendido por uma emboscada armada e atingido por um tiro à queima-roupa no pescoço. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'});Equipes de apoio tentaram prestar os primeiros socorros ainda no local. O trabalhador chegou a ser removido de helicóptero até o hospital municipal de São Félix do Xingu, mas não resistiu à gravidade dos ferimentos. O corpo foi posteriormente resgatado por via aérea e levado para a base da operação. Operação de desintrusão e retirada de gado De acordo com estimativas do órgão ambiental, a operação tem como objetivo retirar cerca de 1,3 mil cabeças de gado, distribuídas em aproximadamente 45 pontos diferentes dentro da Terra Indígena Apyterewa. A criação irregular de bovinos na área é apontada como um dos fatores que impulsionaram o desmatamento e a degradação ambiental nos últimos anos. Fontes que acompanham a ação afirmaram que não havia indígenas na área no momento do ataque, o que reforça a linha de investigação de que o crime esteja relacionado à resistência armada de grupos contrários à retirada do gado e à ocupação ilegal do território. Nota oficial e investigação: Vaqueiro contratado pelo Ibama é morto Em nota oficial, o Ibama confirmou a morte do vaqueiro e afirmou que a equipe foi “alvo de um ataque durante o cumprimento de decisão judicial do STF”. O órgão destacou que as autoridades competentes já iniciaram as investigações para identificar os responsáveis e garantir a responsabilização criminal dos envolvidos. O instituto também manifestou solidariedade à família e aos amigos da vítima e reafirmou o compromisso com o cumprimento das decisões judiciais, a proteção das terras indígenas e a atuação integrada com outros órgãos públicos . Área de conflito histórico A Terra Indígena Apyterewa é considerada uma das áreas mais sensíveis da Amazônia brasileira. O território, que abriga o povo Parakanã, sofre há anos com invasões, grilagem de terras, exploração ilegal e conflitos armados. Estudos do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) apontam que a região liderou, por quatro anos consecutivos, o ranking de desmatamento no país, perdendo uma área de floresta maior que a cidade de Fortaleza. Além do Ibama, participam da operação equipes do Ministério dos Povos Indígenas, Funai, Abin, Força Nacional de Segurança Pública, Polícia Federal, polícias Civil e Militar do Pará e a Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará), evidenciando a complexidade e o risco das ações em campo. Um alerta para o Estado brasileiro A morte do vaqueiro evidencia o alto grau de risco enfrentado por trabalhadores e agentes públicos envolvidos em operações ambientais e fundiárias na Amazônia. O episódio reforça a necessidade de estratégias de segurança mais robustas, investigação rigorosa e políticas públicas capazes de enfrentar, de forma estrutural, os conflitos que persistem em áreas de ocupação irregular e disputa por terras no país.