Estados Unidos e Reino Unido assinaram nesta 5ª feira (18.set.2025) um acordo de tecnologia de 250 bilhões de libras. O anúncio foi feito pelo presidente Donald Trump (Partido Republicano) e pelo primeiro-ministro Keir Starmer (Partido Trabalhista, centro-esquerda) no último dia da visita de 3 dias do republicano à Inglaterra.
O acordo, contudo, ficou em 2º plano durante a entrevista de Trump e Starmer a jornalistas. Os líderes norte-americano e britânico focaram suas declarações em críticas ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, e elogios à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Mas apesar do discurso alinhado sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, a solução para o conflito na Faixa de Gaza ainda não é um consenso.
Starmer abriu sua fala afirmando que Putin “mostrou sua verdadeira face” no ataque de drones contra Kiev em 7 de setembro que matou ao menos 4 civis. O premiê trabalhista também mencionou a violação russa do espaço aéreo da Otan. “Essas não são ações de alguém que quer paz”, declarou.
Trump concordou com o líder britânico e disse que Putin o decepcionou e agora “não tem saída”. O republicano voltou a afirmar que se equivocou ao considerar simples a resolução da guerra na Ucrânia, mas assegurou que o objetivo será cumprido.
Sobre a guerra no Oriente Médio e a crise humanitária em Gaza, Trump disse estar “trabalhando duro” ao lado do Reino Unido para chegar a uma solução. “É complexo, mas vai ser resolvido”, afirmou Trump, que voltou a colocar como essencial a devolução imediata de todos os reféns mantidos pelo grupo extremista Hamas: “Quero os reféns liberados agora. Todos. Não 1 hoje e outro amanhã”.
O repúdio ao Hamas foi corroborado por Starmer, mas o premiê adotou um discurso mais diplomático que o republicano. O trabalhista disse buscar uma solução de 2 Estados e que isso passa pelo reconhecimento do Estado Palestino. Em julho, Starmer afirmou que essa decisão se dá pela recusa de Israel em aceitar um cessar-fogo na região.
Trump rebateu Starmer sobre o reconhecimento da Palestina. “Eu discordo do primeiro-ministro nessa questão. É uma das poucas discordâncias que temos, inclusive”, declarou a jornalistas.
Starmer e Trump assinaram nesta 5ª feira (18.set) um memorando de entendimento para cooperação bilateral no setor de tecnologia. O tratado engloba áreas como inteligência artificial, energia nucelar para fins civis e tecnologias quânticas. Será criado um grupo de trabalho entre ministros de ambos os países dentro de 6 meses para supervisionar o avanço do acordo. Eis a íntegra do decreto (PDF – 794 kB, em inglês).
Segundo o primeiro-ministro do Reino Unido, esse é o “maior pacote de investimentos da histórica britânica, com folga”. Starmer afirmou que o pacto criará mais de 15.000 empregos no país e tem o “poder de mudar vidas”.
Em linha com o premiê britânico, Trump disse que o acordo visa a assegurar a liderança dos países na corrida de IA, a que ele chamou de “maior revolução tecnológica”. A declaração poder ser vista como uma mensagem para a China, que tem investido cada vez mais no setor.
Este é o 2º grande acordo comercial entre EUA e Reino Unido em 2025 e reforça a posição do país europeu como principal parceiro norte-americano na região. Em maio, o governo de Starmer foi 1º a contornar o tarifaço e estabelecer um tratado para mitigar as taxas comerciais impostas pela Casa Branca a importações globais. Os 2 lados ainda buscam um novo pacto para reduzir as tarifas sobre aço e alumínio, atualmente em 25%.
Starmer disse que o acordo assinado nesta 5ª coloca Washington D.C. e Londres como os principais parceiros em defesa, comércio e ciência e tecnologia. Já Trump destacou a relação bilateral e disse que nenhuma nação do mundo tem uma conexão tão estreita como essa.