O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), confirmou no domingo (30.nov.2025), durante entrevista a jornalistas a bordo do Air Force One, que conversou por telefone com o líder da Venezuela, Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, esquerda).
Ele não detalhou o conteúdo do diálogo e limitou-se a dizer: “Eu não diria que foi uma conversa positiva ou negativa, foi uma ligação”.
Segundo o jornal norte-americano The New York Times, a ligação foi em 22 de novembro. Eles teriam discutido a possibilidade de um encontro presencial. Conforme o Miami Herald, o governo norte-americano teria feito um ultimato ao presidente venezuelano. A mensagem, descrita pelo jornal como direta, oferecia a Maduro e aos aliados mais próximos a possibilidade de deixar a Venezuela sob salvo-conduto —desde que o líder renunciasse ao mandato.
De acordo com a publicação, a conversa, intermediada por Brasil, Catar e Turquia, emperrou. Maduro teria solicitado anistia global e propôs entregar o comando político à oposição, mas manter o controle das Forças Armadas. O governo norte-americano rejeitou as duas condições. A 3ª divergência tratou do prazo: os EUA exigiam renúncia imediata, o que Caracas recusou.
A relação entre EUA e Venezuela ficou mais tensa depois de Trump declarar, no sábado (29.nov), que o espaço aéreo acima e ao redor da Venezuela deveria ser considerado “fechado em sua totalidade”. A postagem, direcionada a “linhas aéreas, pilotos, traficantes de drogas e traficantes de pessoas”, foi interpretada no país sul-americano como sinal de que ações militares são iminentes.
A escalada coincide com o avanço de uma estratégia mais agressiva dos EUA contra o chamado Cartel de los Soles. O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, disse em 16 de novembro que os EUA classificariam o grupo como uma “organização terrorista estrangeira” (FTO, na sigla em inglês). Ele disse que o cartel seria comandado por Maduro, que nega.
Em 20 de novembro, o secretário de Guerra dos Estados Unidos, Pete Hegseth, disse que a decisão oferece ao Pentágono “uma série de novas opções” para que os norte-americanos ajam na região da Venezuela. Em uma ligação com militares em 27 de novembro, Trump declarou que a ofensiva por terra na Venezuela deve começar “muito em breve”.
Navios e aviões norte-americanos se concentraram no Caribe nos últimos 2 meses, incluindo o porta-aviões USS Gerald R. Ford, que chegou em 16 de novembro. Há também ao menos 10 navios adicionais, 1 submarino nuclear e jatos F-35 em operação. O Pentágono afirma que são missões de “interdição ao narcotráfico”, mas observadores regionais dizem que o poder de fogo supera em muito o padrão desse tipo de operação.





