• Segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Transição no ciclo pecuário: valorização do bezerro indica mudança no mercado

Valorização do bezerro, alta nos preços e redução na oferta de fêmeas sinalizam transição de fase no ciclo pecuário. Especialistas apontam cenário estratégico para recria visando 2026.

Alta nas cotações e redução no descarte de fêmeas apontam para início da fase de alta no ciclo pecuário; mercado já reage com maior retenção e investimentos na cria As engrenagens do mercado pecuário brasileiro parecem estar girando em direção a uma nova fase. Depois de anos marcados por descarte elevado de fêmeas e cotações em retração, sinais consistentes apontam para uma possível virada no ciclo pecuário de preços. É o que mostram os dados mais recentes analisados por Alcides Torres e Mariana Guimarães, da Scot Consultoria, com base em indicadores como o ágio do bezerro, a participação de fêmeas no abate e a atratividade crescente da atividade de cria. Bezerro valorizado: o primeiro sinal da transição no ciclo pecuário Um dos principais termômetros dessa mudança é o ágio entre o bezerro de desmama e o boi gordo. Em outubro de 2025, esse ágio alcançou 28,9% em Mato Grosso, aproximando-se da média histórica de equilíbrio, que desde 2020 gira em torno de 28,4%. No auge do ciclo anterior, em 2021, o ágio chegou a 50,3%, mas vinha recuando até atingir 20,9% em 2024. A retomada da valorização do bezerro indica uma reversão no movimento de descarte e maior interesse pela reposição.
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    A cotação da arroba do bezerro de desmama em Mato Grosso, na parcial de outubro, estava em média R$ 418,79, representando um aumento expressivo de 38,7% em relação a outubro de 2024, quando estava em R$ 301,87. Já no acumulado até setembro, o avanço foi ainda mais impressionante: 60,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'});Abate de fêmeas ainda elevado, mas começa a ceder Outro dado importante para entender a transição é o comportamento dos abates. Desde 2022, o mercado registrou recordes na participação de vacas e novilhas no abate de bovinos, um indicativo de fase de baixa do ciclo. No entanto, em 2025, apesar da quantidade de fêmeas abatidas ainda ser superior à de 2024, os sinais de inflexão começam a aparecer. No segundo trimestre de 2025, pela primeira vez na série histórica desde 1997, o número de fêmeas abatidas superou o de machos. Essa dinâmica impacta diretamente a oferta futura de bezerros. Com menos matrizes disponíveis, a produção de bezerros tende a cair, o que já pressiona as cotações da reposição em 2025 e reforça o movimento de transição do ciclo. Mais cria, mais sêmen, mais investimento O aumento do ágio do bezerro torna a atividade de cria mais lucrativa. Isso já se reflete nos investimentos em reprodução: a venda de doses de sêmen cresceu 5,5% no primeiro semestre de 2025, enquanto a comercialização de botijões para armazenamento de sêmen subiu 18,6% no mesmo período. Esses dados confirmam que os pecuaristas estão atentos à valorização da cria e investindo em genética para aproveitar o novo ciclo que se desenha. Apesar do otimismo na cria, o cenário é menos favorável para a recria e engorda no curto prazo. A relação de troca entre boi gordo e bezerro em outubro de 2025 foi a pior desde 2022, com cada boi de 19 arrobas sendo trocado por um número menor de bezerros. Essa defasagem pode frear negócios pontuais, mas é vista como um sinal natural de transição de ciclo, onde a reposição tende a se valorizar antes da engorda. Expectativas para 2026 e 2027 Mesmo com a firmeza atual, os analistas da Scot apontam que o mercado ainda não entrou plenamente na fase de alta do ciclo, mas sim em uma fase de transição. Para consolidar essa virada, será necessário reduzir de forma mais consistente os abates de fêmeas, o que deve ocorrer com maior clareza nos próximos trimestres. A recomendação para os pecuaristas é clara: o momento é estratégico para reforçar os investimentos na recria e preparação de lotes, com foco em uma comercialização rentável em 2026/2027, quando o ciclo de alta deverá se estabelecer com mais força.
    Por: Redação

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