A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, avalia que produtos como a carne bovina e o café podem ser excluídos do tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A medida entra em vigor na 4ª feira (6.ago.2025).
A leitura de Tebet é que a pressão inflacionária e o peso político de itens populares no cotidiano dos norte-americanos podem levar a um recuo do governo do presidente Donald Trump (Partido Republicano).
“Carne e café são caros para o paladar deles. O resto eles se reposicionam”, disse nesta 3ª feira (5.ago) a jornalistas no Palácio do Planalto, em Brasília.
A ministra afirmou que há uma possibilidade de que essas exceções não sejam anunciadas formalmente. “[Os EUA] Não têm interesse em alardear que estão cedendo”, disse.
Segundo ela, o país norte-americano deve aguardar os efeitos da medida antes de revisar o pacote. “Eles vão olhar para os números inflacionários e para a opinião pública. Pode não acontecer dia 6, mas deve vir em 15 ou 30 dias. Não há lógica em manter essas tarifas”, declarou.
No caso da carne bovina, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acredita que tem flexibilidade para se adaptar ao cenário.
“É virar a chave. O frigorífico deixa de fazer o corte específico para os EUA e redireciona para outros mercados”, afirmou a ministra. Uma das maiores plantas da JBS, inaugurada no final de 2024, estaria apta a essa conversão, segundo Tebet.
Em relação ao café, o governo aposta na quebra de safra do Vietnã, principal concorrente do Brasil, como fator que abre espaço para reposicionar o produto a curto prazo.
Mesmo diante do tarifaço de até 50%, o Brasil já ativou um plano de contingência, segundo Tebet. Ela não detalhou os valores envolvidos.
Segundo a ministra do Planejamento, a maior parte dessas medidas não exige necessariamente espaço no Orçamento, ou seja, não depende de dinheiro novo a ser liberado pelo governo.
“As equipes estão trabalhando. Há um cardápio de medidas pronto, como alongamento de prazo, carência e juros diferenciados. Muitas delas não dependem de Orçamento nem geram impacto fiscal direto”, afirmou.
Tebet disse esperar uma surpresa positiva: “Vai que a gente ganha antecipadamente um presente de Natal: uma prorrogação de 90 dias ou uma redução das tarifas de 50% para 30%. Vamos aguardar”.