• Domingo, 10 de agosto de 2025

Tarifaço: a escalada do incômodo de Trump em relação aos Brics

Trump impõe tarifaço de 50% a Brasil e Índia, buscando conter Brics, mas medida pode fortalecer a unidade do bloco contra os EUA

Para o presidente dos EUA, Donald Trump, continuam sendo “uma pedra no sapato”. No pacote de tarifas que entrou em vigor na última semana, A medida inaugura um novo capítulo na disputa comercial e geopolítica entre Washington e a aliança formada por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e países parceiros. Nesse sábado (9/8), o presidente russo, Vladimir Putin, para falar sobre a guerra na Ucrânia e o Brics. O telefonema faz parte de uma série de telefonemas que o líder russo tem feito nos últimos dias desde expirou o prazo dado por Trump para ele colocasse em vigor uma trégua no conflito, na sexta-feira (8/8). Putin já telefonou para o , para relatar a conversa que manteve com o enviado norte-americano sobre a guerra e antecipar detalhes do encontro que terá com o presidente norte-americano . O Kremlin não confirmou se as conversas com os líderes abordaram o impacto do tarifaço imposto pelos EUA, que atingiu com mais força os Brics. Ainda assim, é difícil descartar que o tema tenha ficado de fora. Mais do que um gesto econômico, especialistas ouvidos pelo Metrópoles veem na ofensiva de Trump uma estratégia para frear um grupo que, se agir de forma coordenada, pode desafiar a influência norte-americana no comércio global. O especialista em tributação internacional, Angelo Paschoini, avalia que a motivação de Trump é inequívoca. “Ele quer manter a soberania dos Estados Unidos como maior potência mundial. Mas, se houver um acordo forte no Brics para criar um mercado livre entre Brasil, Índia, China e Rússia, você teria uma super economia. Isso incomoda quem quer manter a liderança no cenário global.” Para ele, o republicano aciona todas as “armas disponíveis” — tarifas, barreiras econômicas e medidas políticas — . Leia também Índia e Brasil lideram o tarifaço O líder dos EUA, anunciou na quarta-feira (6/8), Segundo o presidente norte-americano, a medida é uma resposta direta à continuidade das compras de petróleo russo pela Índia, apesar dos alertas de Washington. O Brasil, que desde 2023 intensificou a compra de diesel e fertilizantes russos, também entrou no radar e também sofreu retaliação com a mesma tarifa sobre produtos nacionais sob a justificativa de “relações injustas” e “arbitrariedade do STF” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). China como protagonista No início das disputas comerciais, a China foi o principal alvo das medidas de Trump. As tarifas contra Pequim chegaram a 145% em maio. 11 imagens Trump e PutinTrump e PutinLula e PutinLula encontra o presidente da Rússia, Vladimir PutinFechar modal. 1 de 11 Trump e Putin Mikhail Svetlov/Getty Images 2 de 11 Trump e Putin Chris McGrath/Getty Images 3 de 11 Trump e Putin Kremlin Press Office / Handout/Anadolu Agency/Getty Images 4 de 11 Lula e Putin Ricardo Stuckert/Presidência da República 5 de 11 Lula encontra o presidente da Rússia, Vladimir Putin Ricardo Stuckert / PR 6 de 11 VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto 7 de 11 VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto 8 de 11 Presidentes Lula (Brasil) e Xi Jinping (China) assinam 37 acordos bilaterais. Declaração conjunta abre crise com Taiwan VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto 9 de 11 Autoridades de países do Brics vieram ao Brasil Isabela Castilho | BRICS Brasil 10 de 11 Chefes de Estado reunidos para a cúpula do Brics no Rio de Janeiro Isabela Castilho | BRICS Brasil 11 de 11 Foto oficial das autoridades no Brics Ricardo Stuckert / PR A novela de Trump e Putin De um lado, Trump busca projetar a imagem de mediador de conflitos; do outro, Putin mantém, há três anos, a guerra contra a Ucrânia, período em que as tentativas de negociação se resumem a trocas de prisioneiros, enquanto nenhum cessar-fogo é efetivamente cumprido. Trump, que tenta ao máximo se apresentar como a grande mão capaz de resolver o conflito, enfrenta um Putin inflexível, disposto a ceder apenas sob suas próprias exigências. Como resultado, o republicano recorre a ameaças — como taxar a Rússia em 100% caso não aceite um cessar-fogo — e a retaliações contra quem compra produtos russos ou mantém negociações com Moscou enquanto a guerra contra a Ucrânia continua, recaindo assim sobre os integrantes do Brics. Efeito contrário ao esperado Porém, a ofensiva norte-americana, pode estar produzindo o efeito oposto. O senador russo Alexey Pushkov afirmou, na quinta-feira (8/8), que as tarifas podem acabar fortalecendo a unidade do Brics, caso os países adotem uma resposta conjunta. “ Se isso acontecer, marcará uma nova guinada no confronto oculto entre o bloco e os EUA, que as políticas de Trump buscavam impedir”, declarou Pushkov. Para ele, se o confronto se tornar aberto, as guerras tarifárias podem reforçar a coesão do bloco. Aproximação política e econômica Na avaliação do coordenador do curso de Relações Internacionais da Universidade Católica de Brasília (UCB), Gustavo Menon, as ações de Trump aceleram movimentos de integração. “Ao adotar uma postura agressiva, ele incentiva acordos intrabloco e a busca por alternativas ao dólar. Seu objetivo é fragmentar o grupo e fechar acordos bilaterais vantajosos para os EUA, mas a prática tem aproximado politicamente os membros do Brics”, disse. Moscou, por sua vez, classificou as medidas como “violação direta da soberania brasileira” e acusou Washington de política “neocolonial”.
Por: Metrópoles

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