• Quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

Tambaqui dobra ganho de peso com tecnologia da Embrapa e revoluciona piscicultura no Brasil

Nova tecnologia permite que Tambaqui atinja 1,7 kg em apenas 10 meses e pode mudar cenário da aquicultura nacional, com destaque para a piscicultura dos pequenos produtores do Mato Grosso do Sul

Nova tecnologia permite que Tambaqui atinja 1,7 kg em apenas 10 meses e pode mudar cenário da aquicultura nacional, com destaque para a piscicultura dos pequenos produtores do Mato Grosso do Sul Um avanço científico significativo promete transformar a piscicultura no Brasil: o tambaqui (Colossoma macropomum), peixe nativo mais cultivado no país, teve seu ganho de peso mais que dobrado em pesquisa liderada pela Embrapa Pesca e Aquicultura, sediada no Tocantins. A iniciativa resultou em animais com 1,7 kg em apenas 10 meses, superando amplamente a média tradicional de 1 kg em 12 meses, com taxa de crescimento 2,04 vezes superior. Condicionamento alimentar e reversão sexual: o segredo do salto produtivo Dois fatores foram decisivos para esse resultado: o condicionamento alimentar indoor e o uso do hormônio estradiol em fêmeas durante a fase de recria. Diferente da tilápia, no tambaqui as fêmeas ganham mais peso que os machos, o que favoreceu a adoção de lotes monossexo. Após seis semanas de suplementação hormonal, os peixes foram treinados para consumir ração com maior eficiência, desenvolvendo comportamento alimentar semelhante ao da tilápia.
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    “Eles estavam muito mais ávidos pela comida do que peixes não treinados, e isso fez grande diferença”, destacou a pesquisadora Flávia Tavares, coordenadora do projeto Monotamba. Esse protocolo fez com que os tambaquis atingissem 1 kg em apenas seis meses e meio, aproximando-se do desempenho da tilápia — espécie dominante na piscicultura brasileira. Pesquisa aplicada ao campo: tecnologia acessível e sustentável A pesquisa foi desenvolvida parcialmente em tanques-rede no Lago de Palmas (TO), com densidade de 40 kg/m³, e em sistemas de recirculação de água (RAS). Além dos lotes com hormônio, também foi testada uma população mista (machos e fêmeas), sem suplementação hormonal, que atingiu 1,4 kg em 10 meses — resultado ainda considerado positivo. A tecnologia tem grande potencial de aplicação, especialmente para pequenos e médios piscicultores familiares, contribuindo para a inclusão socioprodutiva em diversas regiões, como o Centro-Oeste e a Amazônia Legal. Estados como Mato Grosso do Sul, que já buscam alternativas à tilápia, são vistos como estratégicos. A região conta com importantes reservatórios, como Porto Primavera, Ilha Solteira e Manso, ideais para a expansão da criação de peixes nativos. Próximos passos: mais produtividade e viabilidade econômica na produção do Tambaqui Apesar dos avanços zootécnicos, a Embrapa agora busca avaliar indicadores econômicos, essenciais para a adoção massiva da tecnologia. Um dos pontos críticos é o custo da alimentação, que pode representar até 80% dos custos de produção. O tempo prolongado em ambiente indoor, necessário para o treinamento alimentar, também será analisado com atenção. Além disso, há perspectiva de aumento na densidade dos tanques, chegando a 50 kg/m³, o que pode impulsionar ainda mais a produção. Também se vislumbra a edição genômica como ferramenta futura para melhorar o desempenho do tambaqui em tanque-rede. “Estamos avançando. Teremos espécies melhoradas para tanque-rede. Tem tudo para dar certo. É um baita potencial que o tambaqui tem, principalmente para a Região Norte do Brasil”, afirmou Flávia Tavares. Tambaqui no Brasil: grande potencial, produção ainda tímida Apesar de ser o peixe nativo mais produzido do país, o tambaqui ainda representa uma fração do potencial nacional. Segundo o IBGE, em 2023 foram produzidas 113,6 mil toneladas, movimentando mais de R$ 1,2 bilhão. Os estados líderes foram Rondônia (47,2 mil t), Roraima (16,3 mil t) e Maranhão (10,6 mil t). Com os novos protocolos da Embrapa, o país pode impulsionar a produção sustentável de espécies nativas, reduzir custos logísticos, diversificar a piscicultura nacional e gerar renda para milhares de produtores familiares.
    Por: Redação

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