A União Europeia autorizou o plano acordado para o Reino Unido começar a devolver à França migrantes que cruzaram o Canal da Mancha dentro de alguns dias.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer (Partido Trabalhista, centro-esquerda), e o presidente francês, Emmanuel Macron (Renascimento, centro), anunciaram o acordo em julho. Para cada migrante devolvido, a Grã-Bretanha vai aceitar um solicitante de asilo com laços familiares no país.
A ministra do Interior britânica, Yvette Cooper, confirmou a ratificação do acordo nesta 2ª feira (4.ago.2025), ao lado do ministro do Interior francês, Bruno Retailleau. Segundo Cooper, os primeiros voos ou transportes de retorno vão ter foco inicial em migrantes que chegaram recentemente.
A Comissão Europeia aprovou o esquema, que terá duração inicial até junho de 2026. O governo britânico disse que o programa será avaliado periodicamente.
Cooper disse que serão feitas checagens de segurança rigorosas, e que as devoluções se concentrarão em casos vulneráveis, como vítimas de tráfico humano ou pessoas com necessidades especiais. A escolha dos solicitantes de asilo aceitos no Reino Unido também seguirá critérios familiares e humanitários.
Ela afirmou que o acordo não envolve deportações de migrantes que já estão há muito tempo no país, mas sim chegadas recentes por via irregular, especialmente por pequenas embarcações.
De acordo com o jornal The Guardian, mais de 25.000 pessoas chegaram ao Reino Unido em 2025 por meio de pequenas embarcações atravessando o Canal da Mancha. Esse número representa um aumento significativo em relação aos anos anteriores e tem pressionado o sistema de asilo e abrigos do país.
O plano de retorno à França, inicialmente, projeta a devolução de cerca de 50 pessoas por semana. Isso equivale a aproximadamente 2.600 por ano, se mantido o ritmo.
Ao mesmo tempo, o governo do Reino Unido anunciou um investimento adicional de £100 milhões (cerca de R$ 650 milhões) para intensificar o combate às travessias ilegais.
Os recursos serão destinados ao reforço da vigilância marítima, ao aumento de patrulhas conjuntas com a França e à modernização da infraestrutura de recepção de migrantes. Segundo o governo, a meta é dificultar a ação de redes de tráfico humano, reduzir o número de travessias perigosas e retomar o controle sobre o sistema migratório britânico.