• Sábado, 1 de novembro de 2025

PT, Psol e PC do B pedem ao STF investigação sobre operação no Rio

Partidos afirmam que houve grave violação de direitos humanos e desproporção entre 121 mortos e 118 armas apreendidas.

Os partidos PT, Psol e PC do B protocolaram, nesta 6ª feira (31.out.2025), uma petição urgente no STF (Supremo Tribunal Federal) questionando a operação policial que deixou 121 pessoas mortas no Rio de Janeiro, incluindo 4 policiais. Os partidos destacam a desproporção entre o número de vítimas fatais e o armamento apreendido durante a ação: foram 118 armas, sendo 91 fuzis.

O documento foi enviado ao ministro Alexandre de Moraes, relator da ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) 635, conhecida como “ADPF das Favelas”, solicitando medidas para garantir transparência nas investigações. Leia a íntegra (PDF – 442 kB)

“Os números, por si só, demonstram o tamanho e a gravidade das violações de direitos humanos. Ao fim, a polícia do Rio de Janeiro matou mais do que prendeu. O número de corpos é maior que o número de armas apreendidas. Ou seja, para cada duas pessoas, morta ou presa, foi apreendida apenas uma arma”, afirma o documento enviado ao STF.

A ação foi motivada pela situação encontrada no IML (Instituto Médico Legal) do Rio de Janeiro, onde os corpos das vítimas estariam em condições inadequadas. Os partidos destacam “condições insalubres no IML” com “corpos espalhados pelo chão e ao ar livre”, além de “relatos de decapitações, de corpos encontrados com mãos amarradas, de tiros pelas costas e na nuca”.

O texto também menciona a “necessidade de preservação dos corpos que já estão a entrar em estado de putrefação” e solicita a “aceitação de peritos independentes nas perícias da Polícia Civil, garantindo transparência e imparcialidade”.

Os partidos solicitaram 7 medidas. Entre elas, há o pedido de que o Estado do Rio de Janeiro apresente em 48 horas a lista nominal das vítimas e o destino dos corpos. Também solicitam “inspeção urgente pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)” no IML “diante das condições insalubres relatadas”.

A petição critica ainda um suposto “cortejo em forma de menosprezo à dor” realizado pelo Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) em frente ao IML, onde familiares das vítimas aguardavam informações, caracterizando a situação como uma “brutal violação aos direitos humanos”.

A ADPF 635 se trata de uma ação, julgada em abril, que busca conter violações em operações policiais e coibir abusos contra os direitos humanos de moradores de comunidades no Rio de Janeiro.

Eis as 7 medidas solicitadas: 

A operação Contenção foi deflagrada na 3ª feira (28.out) nos complexos do Alemão e da Penha, que reúnem 26 comunidades na zona norte do Rio. Entre as vítimas do balanço oficial estão 60 suspeitos de integrar o crime organizado e 4 policiais, incluindo o chefe da 53ª DP (Delegacia Policial de Mesquita), Marcus Vinicius. A ação tem como alvo a facção CV (Comando Vermelho).

A operação é considerada a mais letal da história do país, tendo superado o massacre do Carandiru, em 1992, em São Paulo, que resultou na morte de 111 detentos.

Na ação, 113 pessoas foram presas, sendo 33 de outros Estados. Houve também 10 menores apreendidos. As forças de segurança recolheram 118 armas, das quais 91 são fuzis, e mais de uma tonelada de drogas.

 A ação foi deflagrada depois de mais de 1 ano de investigação conduzida pela DRE (Delegacia) de Repressão a Entorpecentes. 

A PMERJ (Polícia Militar do Rio de Janeiro) participou com o COE (Comando de Operações Especiais) e com unidades operacionais da capital e da região metropolitana.  

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Esta reportagem foi escrita pela estagiária de jornalismo Isabella Luciano, sob a supervisão do editora sênior Mariana Haubert.

Por: Poder360

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