O porta-voz das forças de segurança do Nepal informou nesta 6ª feira (12.jul.2025) que o número de mortos nos protestos realizados no país desde a 2ª feira (08.jul.2025) subiu para 51 pessoas. Entre as vítimas estão 21 manifestantes, 9 prisioneiros, 3 policiais e 18 classificados como “outros”.
Os confrontos começaram na capital Catmandu depois de o governo nepalês bloquear plataformas digitais como Facebook, Instagram, YouTube e X. Os manifestantes inicialmente protestavam contra essa restrição digital, mas acusações de corrupção envolvendo autoridades governamentais também se tornaram centrais.
As autoridades do país justificaram a suspensão das plataformas alegando falta de colaboração das empresas com a Justiça local. O governo afirmou que a medida buscava combater usuários que, com identidades falsas, estariam disseminando discurso de ódio, notícias falsas e cometendo fraudes nas redes sociais.
O primeiro-ministro KP Sharma Oli renunciou ao cargo na 3ª feira (9.jul.2025), afirmando que sua decisão buscava “dar novos passos em direção a uma solução política”. Sua saída, no entanto, não foi suficiente e a violência continuou a aumentar no país. O presidente Ram Chandra Paudel aceitou a renúncia de Oli e iniciou o processo para escolher um novo premiê. Depois da renúncia do primeiro-ministro, manifestantes invadiram e incendiaram o Parlamento nepalês.
A TV estatal do Nepal divulgou que os participantes adotaram como slogan a frase “Bloqueiem a corrupção, não as redes sociais”. A violência dos protestos atingiu diretamente várias autoridades nepalesas. Manifestantes invadiram e vandalizaram a residência da ministra das Relações Exteriores, Arzu Rana Deuba. Vídeos registrados por celular mostram jovens atacando a ministra com ofensas e agressões físicas. O ex-primeiro-ministro Sher Bahadar Deuba, marido da ministra, também foi agredido. Ele foi visto com o rosto ensanguentado e camisa rasgada enquanto era carregado pelos manifestantes.
Outras residências de autoridades foram igualmente atacadas durante os protestos. A casa do então primeiro-ministro KP Sharma Oli foi invadida, assim como residências de ex-premiês. A casa de Jhala Nath Khanal foi incendiada com sua esposa, Ravi Laxmi Chitrakar, dentro, causando-lhe graves queimaduras, conforme reportado pelo The New York Times.
Além das residências de autoridades e do prédio parlamentar, 2 aeroportos foram danificados, assim como os hotéis Hilton e Varnabas. O aeroporto de Catmandu, principal entrada internacional do país, foi fechado por causa da fumaça dos incêndios provocados durante os protestos.
Em resposta à crise, o Exército do Nepal anunciou que assumiria a responsabilidade pela lei e ordem no país a partir das 22h do horário local (13h de Brasília). As autoridades implementaram um toque de recolher desde 2ª feira em áreas estratégicas da capital, incluindo o gabinete do primeiro-ministro e a residência presidencial.
O Ministério da Saúde nepalês solicitou doações de sangue em hospitais locais e no banco de sangue central do país para atender às necessidades emergenciais.