Influências
O IBGE apurou que na passagem de agosto para setembro, houve recuo de produção em 12 das 25 atividades industriais pesquisadas. Os destaques negativos foram:- produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-9,7%)
- indústrias extrativas (-1,6%)
- veículos automotores, reboques e carrocerias (-3,5%)
- produtos alimentícios (1,9%)
- produtos do fumo (19,5%)
- produtos de madeira (5,5%)
Efeito dos juros
No período de abril a setembro, a indústria teve quatro resultados negativos. O dado de agosto é o recuo mais intenso desde maio (-0,5%). De acordo com o gerente da pesquisa, André Macedo, o comportamento de menor intensidade da indústria nos últimos meses é explicado pela taxa de juros em patamares elevados.A taxa básica de juros no país, a Selic, está em 15% ao ano, maior patamar desde julho de 2006 (15,25%). A taxa é decidida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que defende o nível elevado como combate à inflação, que acumula 5,17% em doze meses. Desde setembro de 2024 a inflação está acima do teto da meta do governo, que vai até 4,5%. Ao esfriar a economia, a taxa de juros alta tende a diminuir a procura por bens e serviços, de forma a frear a inflação. O efeito colateral é o obstáculo à geração de emprego e crescimento econômico."Isso faz com que decisões de investimentos por parte das empresas sejam adiadas, assim como decisões de consumo das famílias", explica o pesquisador, acrescentando que o juro alto dificulta o crédito e tende para aumentar a inadimplência.
Tarifaço
De acordo com o gerente do IBGE, foi observado ainda que algumas empresas industriais justificam a queda na produção por causa do tarifaço americano, que aumentou a taxação em cima de parte dos produtos brasileiros vendidos para os Estados Unidos. Mas Macedo explica que a pesquisa não consegue medir o tamanho desse efeito específico. O tarifaço foi iniciado em agosto e tem, na visão do governo americano, o papel de proteger a economia americana. O presidente Donald Trump chegou a alegar que se tratava também de retaliação ao tratamento dado pelo Brasil ao ex-presidente Jair Bolsonaro, quem Trump considerava ser perseguido, antes de ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em setembro, por tentativa de golpe de Estado. Nas últimas semanas, os governos brasileiro e americano fizeram encontros como forma de buscar acordos para a parceria comercial. Relacionadas
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