• Segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Presidente de Madagascar foge após denunciar tentativa de golpe

Jovens da Geração Z lideram protestos contra crise e corrupção. Unidade militar se alia a manifestantes e presidente Andry Rajoelina foge

O presidente de Madagascar, Andry Rajoelina, fugiu do país nesse domingo (12/10), após quase três semanas de protestos liderados por jovens da Geração Z e um motim militar que abalou o governo. A informação foi confirmada por líderes da oposição e veículos internacionais. Mais cedo, no mesmo dia, “pela força de tomada do poder”, após um grupo militar se aliar aos manifestantes. Segundo o jornal The Guardian, presidente teria deixado o país em um avião militar francês. A localização de Rajoelina segue incerta, com especulações de que ele esteja na França ou em algum país africano próximo. Até a publicação desta reportagem, Andry Rajoelina não apresentou, oficialmente, uma renúncia. De acordo com o portal Africanews, estava previsto um pronunciamento do presidente na televisão na noite desta segunda-feira (13/10), mas o discurso não ocorreu. Os começaram no fim de setembro, motivadas por cortes constantes de energia e água em Antananarivo, capital do país. O movimento foi encabeçado por jovens da Geração Z – pessoas nascidas entre 1997 e 2012. Rapidamente as manifestações se transformaram em um levante nacional contra o desemprego, a pobreza e a corrupção. O governo respondeu com repressão. Os deixaram pelo menos 22 mortos e dezenas de feridos. A crise se agravou quando uma unidade de elite das Forças Armadas de Madagascar, o Capsat, declarou apoio aos protestos e se recusou a reprimir a população, nesse domingo. O próprio presidente Rajoelina afirmou que o país enfrentava uma “tentativa de golpe militar”, acusando o Capsat de “traição”. Leia também Histórico de crises Andry Rajoelina, ex-DJ e empresário, chegou ao poder pela primeira vez em 2009, após liderar uma revolta que derrubou o então presidente Marc Ravalomanana. Retornou à presidência em 2019, prometendo modernizar o país e combater a pobreza. Madagascar, entretanto, segue entre as nações mais pobres do mundo, com cerca de 75% da população vivendo com menos de US$ 2 por dia, segundo o Banco Mundial. A economia foi duramente afetada por ciclones, inflação crescente e crises de abastecimento, agravadas por denúncias de corrupção em contratos públicos. Nos últimos anos, Rajoelina também foi alvo de críticas por medidas autoritárias, repressão à imprensa e perseguição a opositores. A crescente insatisfação social — agora amplificada por uma geração hiperconectada e sem perspectivas de futuro no país — foi o estopim para a onda de manifestações que tomou o país nas últimas semanas. A crise atual reacende o temor de mais um ciclo de instabilidade política em Madagascar, que já viveu três golpes de Estado desde 2002.
Por: Metrópoles

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