• Quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Plano de paz dos EUA usou proposta escrita pela Rússia

Documento russo enviado ao governo Trump serviu de base para plano de 28 pontos para a guerra na Ucrânia.

Um plano de paz de 28 pontos apoiado pelos Estados Unidos para encerrar a guerra na Ucrânia foi elaborado com base em documento escrito por autoridades russas e enviado ao governo do presidente Donald Trump (Partido Republicano) em outubro. 

Segundo a agência Reuters, 3 fontes com conhecimento do assunto disseram que o material foi repassado a funcionários norte-americanos depois do encontro em Washington entre Trump e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky (Servo do Povo, centro).

O texto russo, um non-paper diplomático, retomava condições já apresentadas por Moscou na mesa de negociações, incluindo concessões rejeitadas por Kiev, como a cessão de parte significativa do território no leste. Segundo as fontes, é a 1ª confirmação de que o documento cuja existência havia sido noticiada em outubroserviu de base para a construção do plano de 28 pontos.

O Departamento de Estado, as embaixadas da Rússia e da Ucrânia em Washington e a Casa Branca não comentaram o conteúdo do non-paper. Em comunicado, a equipe presidencial citou apenas declarações de Trump dizendo estar otimista com o avanço das discussões. 

Ele escreveu que orientou o enviado especial Steve Witkoff a se reunir com Vladimir Putin em Moscou e, simultaneamente, o secretário do Exército, Dan Driscoll, a conversar com representantes ucranianos. O presidente russo já disse que o plano pode ser usado “como a base para uma resolução final e pacífica”.

Não há clareza sobre a razão de o governo norte-americano ter recorrido ao documento russo para formular sua proposta. Fontes afirmam que parte da equipe sênior dos EUA avaliou que as exigências de Moscou dificilmente seriam aceitas por Kiev entre eles, o secretário de Estado Marco Rubio, que discutiu o tema com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, em ligação telefônica.

Rubio reuniu-se no domingo (23.nov) com autoridades ucranianas e europeias em Genebra (Suíça). Ele afirmou que houve um “progresso enorme” depois do encontro.

A revelação do plano, publicada pelo site Axios na semana passada, ampliou o ceticismo de congressistas e autoridades norte-americanas. Segundo essas avaliações, o texto se aproxima de uma lista de reivindicações russas, e não de uma proposta equilibrada de cessar-fogo. Ainda assim, Washington tem pressionado a Ucrânia, indicando que sua ajuda militar pode ser reduzida caso Kiev se recuse a assinar.

O plano foi elaborado ao menos parcialmente em encontro realizado em Miami, no mês passado, entre Jared Kushner, o enviado especial Steve Witkoff e Kirill Dmitriev, responsável por 1 dos fundos soberanos da Rússia. Poucos integrantes do Departamento de Estado e da Casa Branca foram informados sobre a reunião.

Na 3ª feira, a Bloomberg informou que Witkoff deu orientações ao assessor de alto escalão do Kremlin Yuri Ushakov sobre como Putin deveria conduzir conversas com Trump. De acordo com transcrições de ligações mencionadas pela agência, Ushakov e Witkoff já tratavam de um “plano de 20 pontos” em 14 de outubro. O escopo teria sido ampliado nas conversas posteriores com Dmitriev.

No domingo (23.nov), Trump publicou nas redes sociais que Zelensky não demonstra “gratidão” diante dos seus esforços para encerrar a guerra. No mesmo dia, o ucraniano disse que o seu país é grato “aos EUA, a cada coração americano e pessoalmente ao presidente”.

Por: Poder360

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