Plano de ocupação total de Gaza inclui deslocar 900 mil palestinos
Israel queria manter durante o cessar-fogo com o Hamas o controle de 2 km em todo o contorno da Faixa de Gaza
. Na prática, porém, ainda não está claro o que isso significa e como esse projeto será viabilizado. Apesar de grande oposição internacional e também interna em Israel, o premiê israelense opta por uma estratégia ainda mais dramática quase dois anos após o início da guerra.
O plano deve ser executado em etapas, ou seja, não levará a uma ocupação imediata de toda a Faixa de Gaza. Essa abordagem gradual se deve aos alertas recorrentes do chefe do Estado-Maior do Exército de Israel, Eyal Zamir, .
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Segundo o Canal 12 de Israel, o detalhamento das fases deverá ser o seguinte: o primeiro passo será a retirada dos cerca de 900 mil palestinos que vivem na Cidade de Gaza, o que representa metade da população total; depois, viria a ocupação da Cidade de Gaza; e por fim, caso o Hamas não aceite retornar à mesa de negociações, a ocupação integral da Faixa de Gaza. Israel já controla 75% do território palestino.
“As vidas dos reféns estarão em perigo e não há como garantir que eles não serão afetados. Nossas forças estão esgotadas, o equipamento militar precisa de manutenção e há problemas humanitários e sanitários em Gaza”, alertou Zamir durante a reunião, segundo o Canal 13 de Israel.
. Essa questão representa também um dos impasses nas negociações com o movimento radical palestino, que, neste momento, estão paralisadas.
Israel queria manter, durante o cessar-fogo com o Hamas, o controle de dois quilômetros em todo o contorno da Faixa de Gaza, de forma a impedir a aproximação de palestinos da cerca que divide os territórios. O Hamas aceitava conceder 800 metros. Israel então recuou e apresentou mapas estabelecendo o controle de entre 1,2 km e 1,4 km. Mas a situação não foi resolvida e o processo está estagnado.
Oposição interna em Israel
Para entender o apoio ou a oposição ao plano, é preciso contextualizar a situação interna em Israel a partir de três ângulos distintos. Primeiro, os representantes mais extremistas da coalizão de governo, como Bezalel Smotrich, ministro das Finanças, e Itamar Ben Gvir, ministro da Segurança Nacional, não escondem o sonho de reocupar a Faixa de Gaza e reconstruir os assentamentos. O ano de 2025 marca os 20 anos desde que Israel se retirou completamente do enclave palestino e desmantelou todos os assentamentos.
Por outro lado, há o chefe do Estado-Maior do Exército, Eyal Zamir, os familiares dos reféns israelenses e o líder da oposição a Netanyahu, Yair Lapid. . Segundo Yair Lapid, o projeto de ocupação integral da Faixa de Gaza vai levar os israelenses “a arcar com um custo alto que eles não podem e não querem pagar”.
O terceiro aspecto diz respeito à pesquisa mais recente sobre a posição da sociedade em relação à guerra, realizada no mês de julho. O levantamento mostra que 74% dos israelenses querem o fim do conflito e um acordo que seja capaz de libertar todos os reféns de uma só vez.
Um ponto que chama a atenção na pesquisa é que 60% dos eleitores que votaram em partidos que compõem o governo de Netanyahu compartilham essa posição.
Pressão internacional
Segundo o canal público israelense, para obter alguma legitimidade internacional, o governo deve flexibilizar o bloqueio ao território palestino..
Mas é difícil imaginar o fim das críticas internacionais. Miroslav Jenca, subsecretário-geral da ONU, afirmou no Conselho de Segurança que a ocupação total de Gaza pelas forças de Israel poderá ter “consequências catastróficas”.
Para além da ONU e dos organismos internacionais, até os Estados Unidos, o principal aliado do país, parecem interessados em impedir a ampliação das operações do Exército israelense. Segundo o portal Axios, um oficial norte-americano teria dito que o governo de Donald Trump não seria favorável à anexação de partes da Faixa de Gaza por Israel.
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Por: Metrópoles