O líder do PSB na Câmara dos Deputados, Pedro Campos (PE), afirmou que a pressão que o PL faz para votar o projeto de anistia só surge quando o ex-presidente Jair Bolsonaro está em risco. A declaração foi feita no domingo (14.set.2025) ao jornal Folha de S. Paulo.
Em 11 de setembro, a 1ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) condenou Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por liderar a tentativa de golpe de Estado em 2022. Os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin entenderam que o ex-presidente liderou a organização criminosa que tinha o objetivo de atentar contra o Estado Democrático de Direito, acolhendo todas as acusações da denúncia.
“Quem impulsiona anistia para Bolsonaro são sempre aqueles que estão mais preocupados com ele do que com a anistia de 8 de Janeiro”, disse Campos ao jornal.
“É o pessoal mais ligado ao próprio Bolsonaro e do PL. Se você for ver, essa temperatura da anistia sempre sobe quando o Bolsonaro está em risco. Quando é só sobre as pessoas do 8 de janeiro, o PL não fica nessa comoção toda”, afirmou o líder do PSB.
Pedro Campos ainda comentou que, depois dos atos do 8 de janeiro, Bolsonaro chegou a chamar os manifestantes de baderneiros: “Depois é que ele veio ressuscitar essa coisa da anistia, quando o processo começou a se aproximar dele”.
“Aquelas pessoas sempre foram usadas por ele [Bolsonaro]. Foram abandonadas por ele desde o dia que ele pegou um avião e foi para os Estados Unidos e continuam abandonadas por ele. Se elas forem esperar por Bolsonaro para serem soltas, não vão ser soltas nunca”, afirmou Campos.
Os líderes partidários se reúnem na 3ª feira (16.set) para definir a pauta. A oposição não descarta obstruir os trabalhos se o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), recursar-se a colocar o PL da anistia em votação.
A Constituição não proíbe de forma expressa a concessão de anistia para crimes contra a democracia. Determina, porém, que ações de grupos armados contra o Estado democrático e a ordem constitucional são imprescritíveis –ou seja, podem ser punidas a qualquer momento. A jurisprudência do STF (Supremo Tribunal Federal) já consolidou que anistia e indulto não alcançam crimes contra a democracia, como no julgamento do ex-deputado Daniel Silveira.