O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou nesta 3ª feira que as investigações indicam que o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) fugiu do país pela fronteira com a Guiana com a ajuda de garimpeiros. O congressista foi condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a 16 anos de prisão por golpe de Estado.
A declaração foi feita em conversa com jornalistas, na sede da corporação, em Brasília. Rodrigues afirmou que a rota de fuga foi “via Guiana, saindo clandestinamente do Brasil, não passando por nenhum ponto migratório, embarcando no aeroporto de Georgetown, para Miami”.
Neste sábado (13.dez.2025), a PF prendeu Celso Rodrigo de Mello Júnior, filho do garimpeiro Celso Rodrigo de Mello, na investigação sobre a fuga de Ramagem.
“O que eu posso dizer para vocês é que, de fato, no curso dessa investigação, a gente tomou conhecimento dessa saída desse parlamentar há alguns meses. E a partir do processo de investigação, se chegou a esse grupo que teria facilitado a fuga do parlamentar”, afirmou o diretor-geral da PF.
Em 21 de novembro, o ministro Alexandre de Moraes decretou a prisão de Ramagem logo depois dele ter sido visto em um condomínio de luxo em North Miami. Desde então, o congressista encontra-se foragido.
A Câmara dos Deputados declarou não ter sido informada sobre a saída de Ramagem do Brasil. A Casa também disse não haver autorização para o congressista integrar missão oficial no exterior.
Segundo a Câmara, Ramagem entregou atestados médicos cobrindo 2 períodos: de 9 de setembro a 8 de outubro e de 13 de outubro a 12 de dezembro de 2025. Apesar disso, os registros da Câmara mostram participação do deputado em votações durante esses intervalos –inclusive em uma sessão presencial realizada em outubro.
Na condenação, a maioria dos ministros da 1ª Turma entendeu que Ramagem atuou em organização criminosa que utilizava a estrutura da Abin para monitorar adversários políticos de Bolsonaro e produzir desinformação para uma ruptura institucional. Ramagem teve pena fixada em 16 anos, 1 mês e 15 dias de prisão por participação na tentativa de golpe de Estado.
O voto do relator, ministro Alexandre de Moraes, foi acompanhado por Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. Apenas Luiz Fux divergiu. Com isso, a 1ª Turma do STF formou maioria para declarar a perda do mandato e comunicar a decisão à Mesa da Câmara dos Deputados, responsável por oficializar a medida.
Segundo Moraes, Ramagem agiu para descredibilizar o processo eleitoral. Em mensagem trocada com o ex-presidente Bolsonaro, Ramagem diz que “a urna eletrônica já se encontra em total descrédito perante a população”. Durante seu voto pela condenação do deputado, Moraes disse: “Isso não é uma mensagem de um delinquente do PCC para outro. Isso é uma mensagem do diretor da Abin para o então presidente da República.”
O relator afirmou que Ramagem usou a Abin como central paralela de contrainteligência a serviço de uma organização criminosa. Segundo o juiz, a agência foi instrumentalizada para criar narrativas falsas contra opositores políticos durante a gestão do ex-diretor.
Moraes mencionou, em seu voto, documentos que teriam sido preparados por Ramagem e pelo general Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), incluindo relatórios que atacavam o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e que, segundo o ministro, eram depois usados por Bolsonaro.





