• Domingo, 24 de agosto de 2025

Pesquisador: Envio de soja dos EUA para a China é preocupante

Leandro Gilio, do Insper, afirma que acordo comercial entre os países pode fazer Brasil perder mercado na Ásia.

Um eventual acordo comercial para que os Estados Unidos exportem mais soja para a China é preocupante para a sojicultura brasileira, segundo o pesquisador e professor do Insper Agro Global, Leandro Gilio. Isso porque o pedido de produtores locais feito ao presidente Donald Trump (Partido Republicano) para que o governo norte-americano feche um acordo de exportação pode fazer com que o Brasil perca espaço no mercado chinês.

“A gente vê que os Estados Unidos têm jogado para a negociação com relação à China e com outros países asiáticos que são mercados relevantes para o Brasil, como a soja. Seria preocupante se existisse algum tipo de acordo em que, por exemplo, a China ou outros países concordassem em fazer mais compras nos Estados Unidos, redirecionando o mercado”, afirmou Gilio em entrevista ao Poder360.

O professor do Insper Agro Global afirmou que as tarifas recíprocas impostas pelo país norte-americano tornam um eventual negócio menos “confiável” para os chineses. “Não vem sendo muito confiável fazer negócios com os Estados Unidos impondo taxações e problemas em termos comerciais. Para a China não é interessante. Por outro lado, não é interessante a China manter uma grande dependência da soja brasileira”, declarou.

Dados da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho) mostram que a China comprou 73% de toda a soja que o Brasil exportou em 2024, o que equivale a 74,4 milhões de toneladas. Segundo Leandro Gilio, embora os produtos brasileiros liderem o ranking de exportação, ainda têm diversidade e alcance de mercado limitados.

Assista à íntegra da entrevista (37min13s):  

Eis abaixo outros destaques:

A ASA (American Soybean Association), entidade que representa os produtores de soja dos EUA, enviou uma carta a Trump em que pedem que o republicano interceda junto ao governo de Xi Jinping (Partido Comunista da China, esquerda) para viabilizar um acordo comercial que inclua compromissos de compra do grão norte-americano.

O setor enfrenta pressão financeira diante da queda nos preços e do aumento dos custos de produção, enquanto a China –principal compradora da soja dos EUA– tem evitado fechar contratos antecipados para a próxima safra. Os agricultores norte-americanos afirmam que, sem uma solução rápida para o impasse comercial, as perdas podem se tornar bilionárias e aprofundar a crise no campo.

“Os produtores de soja estão sob estresse financeiro extremo. Os preços continuam caindo e, ao mesmo tempo, nossos agricultores estão pagando muito mais por insumos e equipamentos”, afirmam em nota.

Por: Poder360

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