• Sexta-feira, 17 de outubro de 2025

Peru prepara estado de emergência após protestos contra criminalidade

Informação foi dada pelo primeiro-ministro Ernesto Álvarez

O primeiro-ministro do Peru, Ernesto Álvarez, anunciou que o governo vai declarar estado de emergência na capital para combater a criminalidade. Manifestações nos últimos dias contra o aumento de crimes deixaram um morto e centenas de feridos. Em declarações à imprensa nessa quinta-feira (16), Álvarez, que é também presidente do Conselho de Ministros, disse que essa "não pode ser simplesmente uma declaração etérea, mas deve ser acompanhada de um pacote de medidas". No âmbito do estado de emergência, as Forças Armadas podem apoiar a polícia na retomada do controlo territorial e na execução de ações contra o crime organizado. Alguns direitos fundamentais, como a liberdade de reunião e de circulação, podem ser alvo de restrições. Álvarez acrescentou que o presidente interino, José Jerí, instruiu o Executivo a preparar um pacote de medidas o mais rapidamente possível e que, quando estiver concluído, fará um anúncio oficial.

"Ninguém aqui está encobrindo ninguém, ninguém vai tentar tomar medidas sem importância", afirmou o ministro, que "não descarta" impor um recolher obrigatório na região de 10 milhões de habitantes que circunda Lima.

O anúncio ocorreu um dia depois de pelo menos uma pessoa ter morrido e mais de 100 ficado feridas durante confrontos ocorridos em manifestações organizadas por jovens em várias cidades peruanas. Segundo a agência de notícias EFE, a vítima, o rapper Eduardo Ruiz, de 32 anos, não resistiu a ferimentos provocados pelo disparo de uma arma de fogo, durante manifestação em Lima. O músico, conhecido comoTrvko, foi morto a tiro por um policial que agiu por iniciativa própria e será expulso da polícia, anunciou o chefe-geral da polícia peruana, Oscar Arriola. De acordo com as autoridades peruanas, mais de uma centena de pessoas ficaram feridas, entre elas 84 policiais, 29 manifestantes e dez jornalistas, em vários pontos do país. Pelo menos dez pessoas foram detidas. Na quarta-feira (16), milhares de pessoas, sobretudo jovens, em várias cidades do país, manifestaram-se contra o governo e o Parlamento, num protesto contra a corrupção e o aumento da insegurança e do crime organizado. Os manifestantes contestaram também a posse do presidente do Parlamento, José Jerí, como chefe de Estado interino, após a destituição da presidente Dina Boluarte na semana passada.

"Não vou me demitir, continuarei a assumir minhas responsabilidades", disse Jeri em entrevista.

O novo ministro do Interior (correspondente à Administração Interna), Vicente Tiburcio, lamentou a morte do manifestante e disse que pediu uma investigação, acrescentando que a força policial destacada para o protesto não se encontrava na região de Lima onde o jovem morreu.

"Algumas pessoas usaram disfarces, como capacetes, e se cobriram, carregando mochilas e objetos contundentes", acrescentou o ministro.

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Por: Redação

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