• Domingo, 9 de novembro de 2025

Pantanal é o bioma mais atingido pelo aumento da temperatura

Pantanal e Amazônia tiveram aumento médio de 1,9°C e 1,2°C em 40 anos; em 2024, Pantanal teve 205 dias sem precipitações.

O aumento da temperatura nos biomas do Pantanal e da Amazônia está entre os maiores do país nos últimos 40 anos, apontam dados divulgados pelo MapBiomas na 4ª feira (5.nov.2025). As duas regiões tiveram aumento médio de 1,9 °C e 1,2 °C, respectivamente. As informações estão na nova plataforma da organização, o MapBiomas Atmosfera, que foi lançada no mesmo dia.

A partir de imagens de satélite e modelagem de dados, a plataforma disponibiliza informações sobre variações de temperatura e precipitação, de 1985 a 2024, e sobre poluentes atmosféricos, de 2003 a 2024, cobrindo todo o território brasileiro.

Considerando todo o país, o levantamento mostra que a temperatura aumentou a uma taxa média de 0,29 ºC por década, levando a uma elevação total de 1,2 ºC no período. No entanto, há diferenças entre os biomas, no que diz respeito à evolução do aquecimento.

“Os dados estão mostrando que, de maneira sistemática, a temperatura está crescendo em todo o Brasil desde 1985. O ano passado foi recorde, mas não é um ano isolado”, explica Luciana Rizzo, professora do laboratório de Física Atmosférica da USP (Universidade de São Paulo) e integrante do MapBiomas Atmosfera.

O recorde a que a pesquisadora se refere foi calculado com base na temperatura registrada na Amazônia e Pantanal no ano de 2024. Ao longo de 40 anos, a média da temperatura nesses 2 biomas foi de 25,6 ºC e 26,2 ºC. No ano passado, esses números registraram acréscimo de 1,5 °C e 1,8 °C, respectivamente. Essa foi a maior alta registrada em um ano, considerando a média observada desde 1985. Segundo Luciana, esses dados corroboram a ocorrência de eventos extremos, como as queimadas e a seca sem precedentes que atingiram a Amazônia e o Pantanal em 2024.

Segundo o MapBiomas, os dados demonstram que, nos Estados mais continentais, como Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Piauí, a temperatura também está subindo mais rapidamente, com taxas de 0,34 ºC a 0,40 ºC por década. Já os Estados costeiros tendem a ter menores taxas de aquecimento, como Rio Grande do Norte, Alagoas e Paraíba (0,10 ºC a 0,12 ºC/década). Na região metropolitana de São Paulo, a taxa de aumento é de 0,19 ºC por década.

O coordenador-geral do MapBiomas, Tasso Azevedo, afirma que a Amazônia perdeu 52 milhões de hectares de área de vegetação nativa desde 1985, o que equivale a uma redução de 13%. “No mesmo período, o bioma teve um aumento médio da temperatura em 1,2 °C. Os estudos mais recentes apontam que a perda de florestas modifica as trocas de calor e de vapor d’água com a atmosfera, resultando em temperaturas mais elevadas”, explica.

Estudo citado pelo MapBiomas e publicado na Nature Geoscience mostrou que o desmatamento causa 74% da redução das chuvas e 16% do aumento da temperatura na Amazônia durante a época seca. Um clima mais seco, por sua vez, favorece a ocorrência de fogo, pontua Luciana Rizzo. “A poluição do ar no Norte foi mais intensa do que em áreas fortemente urbanizadas do Sudeste em 2024. A baixa qualidade do ar em estados amazônicos tem relação direta com a fumaça dos incêndios florestais, que ocorrem principalmente na estação seca do bioma”, diz a pesquisadora.

Em 2024, choveu 448 mm abaixo da média histórica da Amazônia, ou seja 20% a menos. Em alguns pontos do bioma, a anomalia de precipitação chegou a uma redução de 1.000 mm/ano. A redução das chuvas contribuiu para o aumento da área queimada na região amazônica, que atingiu 15,6 milhões de hectares em 2024.

As alterações na média da temperatura impactam todos os biomas brasileiros. O Pantanal, onde a temperatura subiu 1,9 °C nos últimos 40 anos, é alimentado pelas chuvas na Bacia do Alto Paraguai que, em 2024, registrou chuvas 314 milímetros (mm) abaixo da média –foram 205 dias sem precipitações. “A redução de precipitação também tem efeitos importantes, especialmente na Amazônia e no Pantanal”, acrescenta.

Artaxo avalia que a plataforma pode auxiliar na preservação dos ecossistemas no país.

Com informações da Agência Brasil.

Por: Poder360

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