O , que caiu de um penhasco na última sexta-feira (20/6) enquanto, próxima a um vulcão, criou grande comoção no Brasil, levando até a primeira-dama Janja Lula a pedir celeridade no resgate da brasileira.
Para entender melhor o que pode ter acontecido, o Metrópoles conversou com Ion David, guia de turismo da Associação Veadeiros, e com Paulo Guimarães, médico especialista em primeiros socorros.
Ion David destaca que quando a deixou descansando, ele cometeu um grave erro. Ao que parece, logo após o descanso, ela teria se destacado do grupo. Foi quando a brasileira tropeçou e caiu.
“O guia nunca deve deixar ninguém para trás para descansar, ainda mais numa trilha que apresenta riscos, pois o ele tem que estar sempre junto do visitante ou dos visitantes. Se, por acaso, tem um grupo e ficou um visitante para trás, a responsabilidade do guia é parar e aguardar para que todos os visitantes estejam juntos”, explica.
“Na real, nesse ponto aí o guia realmente cometeu um grande engano, uma grande falha.”
Entenda o caso
Juliana Marins, de 26 anos, deslizou por uma vala enquanto fazia a trilha do vulcão Rinjani, em Lombok.
Ela viajou para fazer um mochilão pela Ásia e estava na trilha com outros turistas, que contrataram uma empresa de viagens da Indonésia para o passeio.
Após escorregar no caminho, ela só parou a uma distância de 300 metros de onde o grupo estava.
Anteriormente, foi divulgado que Juliana teria recebido socorro, porém, a informação foi desmentida pela família. Juliana aguarda resgate há 4 dias.
Por meio das redes sociais, a família da jovem confirmou que o salvamento foi interrompido nesta segunda-feira (23/6) por conta das condições climáticas na região.
Segundo o guia, “quando um turista, um visitante ou um grupo contrata um guia, ele está se responsabilizando primeiramente pela segurança do grupo, então ele é responsável inclusive por conhecer e dominar toda a área que está sendo visitada, conhecer os caminhos, conhecer toda a região. Ele é a pessoa responsável por essa segurança”.
Ion destaca que existem protocolos padrões quando o guia acompanha o grupo. “Ele tem que estar sempre em contato visual com todos os visitantes que está guiando. No caso de um turista seguir à frente desse guia, ele tem sempre responsabilidade de avisar para o visitante um lugar que ele deve parar para poder aguardar, se tiver alguma dúvida.”
O especialista ressalta que incidentes como o de Juliana são “realmente completamente fora do comum”.
“O guia tinha essa responsabilidade de checar se a pessoa que ele está guiando está atrás dele ou se está sendo acompanhada. O guia tem a responsabilidade de fazer uma leitura corporal do pessoal. Se ele está percebendo que tem alguém cansado, ou não se sentindo bem, ele deve parar para ajudar essa pessoa, e nunca deixar o grupo se dividir, reforça Ion David.
Ion afirma que uma trilha como a que Juliana fez embute riscos maiores se as pessoas não têm aptidão física ou psicológica. “O guia deve ser capaz de identificar a aptidão do pessoal, do grupo, dos visitantes, para poder fazer uma determinada trilha, uma determinada atividade.”
Ion David explica que existem normas do sistema de gestão de segurança, em que os riscos são identificados. “Os riscos são classificados e, para cada um deles, o guia tem que seguir uma ação preventiva ou uma ação corretiva.”

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1 de 7 Juliana Marins, 26 anos, é a turista brasileira que caiu em um penhasco enquanto fazia uma trilha na Indonésia Reprodução/Redes Sociais
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2 de 7 Vídeo: imagens de drone flagram brasileira em paredão de vulcão Reprodução
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3 de 7 Juliana na trilha Redes sociais
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4 de 7 Vulcão Redes sociais
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5 de 7 Guia de Juliana Redes sociais
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6 de 7 Juliana Marins, 26 anos, é a turista brasileira que caiu em um penhasco enquanto fazia uma trilha na Indonésia Reprodução/Redes Sociais
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7 de 7 Imagem colorida de Juliana Marins, enquanto aguarda resgate em vulcão da Indonésia Reprodução/Redes sociais
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Resgate
Paulo Guimarães, médico especialista em primeiros socorros, diz que a primeira tarefa de salvamento a ser cumprida é achar a localidade exata da vítima.
Apesar de imagens de drones terem mostrado Juliana, “quando as equipes chegaram ao local, ela não estava onde o drone capturou as imagens. Então, inicialmente, é busca, até encontrar. Depois que a vítima é encontrada, iniciam-se as operações de salvamento e resgate”.
Paulo atuou em casos de resgate após o terremoto do Haiti e explica que, após a vítima ser localizada, é que iniciam-se os procedimentos de resgate. “Ela está numa região de vulcão, onde tem uma série de intempéries da natureza, uma série de adversidades, do ponto de vista de meteorologia, inclusive, que o solo é extremamente rochoso, montanhoso, de difícil acesso, é um penhasco. Então, é muito trabalhoso para as vítimas, para as equipes de resgate acessarem o local onde a vítima se encontra”, destaca o médico.
O profissional revela que, em uma operação desse porte, muitas vezes, a dificuldade é fazer o que chama de “ancoragem”. “Pode ser preciso perfurar uma rocha, que pode ser muito mole ou muito dura. Então, dependendo da situação, a gente precisa colocar dispositivos de ancoragem para poder amarrar esses resgatistas numa linha de vida para que eles possam ter segurança para descer até o local onde se encontra a vítima”, explica.
“As pessoas não têm noção do que é uma operação de resgate como essa. Às vezes o único acesso para um local como esse é a pé. Você não tem condição de, por exemplo, se aproximar do local com uma aeronave de asa rotativa, com um helicóptero, por exemplo”, destaca o médico socorrista.
Segundo Paulo, o próprio helicóptero não consegue se aproximar por não ter sustentação naquele ar atmosférico superaquecido, o que traz uma dificuldade extra para o resgate. O médico destaca que em um socorro como esse não só a vítima precisa ser levada em consideração, mas a segurança dos socorristas também.
“Precisa garantir a segurança das equipes de resgate, pois de nada adianta você tentar salvar uma vítima de acidente e comprometer a vida de dez profissionais das equipes de resgate. Então, se for muito arriscado para as equipes de resgate, se pode comprometer a vida dos resgatistas, eles recuam”, explica Paulo Guimarães.