• Sexta-feira, 8 de agosto de 2025

O que é o “Boi Bombeiro” e como ele pode ser seu aliado

Segundo o pesquisador Urbano Abreu, da Embrapa Pantanal, cada boi pode consumir até 1.900 quilos de matéria seca por ano, colaborando ativamente para a diminuição da carga combustível nas áreas de vegetação nativa

Segundo o pesquisador Urbano Abreu, da Embrapa Pantanal, cada boi pode consumir até 1.900 quilos de matéria seca por ano, colaborando ativamente para a diminuição da carga combustível nas áreas de vegetação nativa Em 2025, o Brasil volta a enfrentar uma temporada crítica de incêndios em seus principais biomas, como Pantanal, Cerrado e Amazônia. Diante do avanço das queimadas e dos efeitos cada vez mais severos das mudanças climáticas, soluções inovadoras vêm ganhando espaço, entre elas, uma técnica de prevenção que une pecuária e conservação: o chamado “boi bombeiro”. A proposta, embora simples, é respaldada por ciência e prática: utilizar bovinos para consumir a vegetação seca que se acumula no solo durante o período de estiagem. Essa biomassa, altamente inflamável, serve de combustível para o fogo e, quando removida estrategicamente pelo pastejo, reduz substancialmente o risco de ignição e propagação das chamas.
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    O papel dos bovinos na redução do material combustível Segundo o pesquisador Urbano Abreu, da Embrapa Pantanal, cada vaca pantaneira de porte médio (cerca de 350 kg) pode consumir até 1.900 quilos de matéria seca por ano, colaborando ativamente para a diminuição da carga combustível nas áreas de vegetação nativa. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'});“O boi bombeiro não apaga incêndios, ele os previne. A função do gado é remover aquilo que alimentaria o fogo antes que ele comece”, afirma Abreu. A técnica, baseada em manejo consciente, transforma o gado em agente ecológico de controle ambiental. Exemplos internacionais reforçam a eficácia da técnica Esse tipo de abordagem não é exclusivo do Brasil. Nos Estados Unidos, o pastejo rotacionado já é parte da estratégia de prevenção em áreas agrícolas e de preservação. Em países como Portugal e Espanha, cabras e cavalos são utilizados em regiões montanhosas para consumir a vegetação seca que se acumula nos períodos de estiagem prolongada. Em 2025, iniciativas semelhantes estão sendo estudadas por secretarias estaduais no Brasil como alternativa viável de baixo custo para mitigar incêndios em Unidades de Conservação, especialmente em zonas de transição agrícola-florestal. Condições para o sucesso: manejo técnico e planejamento constante No Pantanal, onde a seca severa de 2024 deixou rastros de destruição, o uso do boi bombeiro requer muito mais do que soltar o gado no campo. É necessário planejar, monitorar e direcionar o rebanho para áreas críticas no momento certo, antes que a vegetação se torne um risco real. “É um trabalho de precisão. O pecuarista precisa identificar as zonas de acúmulo de matéria seca, ajustar a carga animal e, em alguns casos, fornecer suplementação com ureia para manter a eficiência digestiva dos bovinos”, explica o pesquisador da Embrapa. Integração com políticas públicas: uma nova agenda para a prevenção Em alguns países da Europa, governos alugam rebanhos para atuar na limpeza ecológica de áreas de risco. No Brasil, a adoção de modelos semelhantes poderia ampliar o alcance da técnica e envolver comunidades rurais em ações de prevenção ambiental. Abreu defende que programas de incentivo e repovoamento temporário de áreas estratégicas com rebanhos manejados de forma controlada podem reduzir drasticamente os custos com combate a incêndios, que, em 2024, ultrapassaram R$ 180 milhões apenas no Mato Grosso do Sul. Boi bombeiro na prática: como aplicar na propriedade rural Para implementar a estratégia do boi bombeiro com sucesso, o produtor deve seguir alguns passos técnicos:
  • Mapear áreas de risco com maior acúmulo de material seco;
  • Adotar o pastejo rotacionado, alternando os piquetes para garantir o consumo equilibrado da vegetação;
  • Controlar a densidade animal, evitando o sobrepastoreio e promovendo a recuperação da pastagem;
  • Monitorar indicadores, como altura da vegetação, escassez de forragem verde e comportamento alimentar do gado;
  • Adaptar a estratégia às condições climáticas, ajustando o manejo conforme a estação e a intensidade da seca.
  • Esse sistema contribui não apenas para a prevenção de incêndios, mas também para a saúde do solo, a biodiversidade e a regeneração natural da vegetação nativa, promovendo um ciclo de produção sustentável e conservação ambiental. Uma ferramenta a favor do clima, da pecuária e do meio ambiente O avanço da técnica do boi bombeiro representa uma resposta estratégica diante do agravamento da crise climática. Em um país que enfrenta secas mais prolongadas, temperaturas elevadas e ventos fortes, como o Brasil de 2025, investir em soluções baseadas na natureza, e no conhecimento tradicional do campo, é uma aposta segura e inteligente. Mais do que uma curiosidade, o boi bombeiro é uma ferramenta prática, de baixo custo e alto impacto. Quando inserido dentro de um plano de manejo abrangente, ele transforma o gado em um parceiro valioso na construção de uma agropecuária mais resiliente, consciente e alinhada com a conservação dos biomas brasileiros. Escrito por Compre Rural VEJA MAIS:
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  • ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias
    Por: Redação

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