O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), gravou um vídeo para a campanha “Diga Não ao Antissemitismo”, organizada pela Fisesp (Federação Israelita do Estado de São Paulo) e pelo Memorial do Holocausto. O material foi divulgado na 4ª feira (13.ago.2025).
A gravação foi feita no Memorial do Holocausto. No vídeo, Nunes lamentou a decisão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de retirar o Brasil da IHRA (Aliança Internacional para a Memória do Holocausto, na sigla em inglês) e disse que a capital paulista tem o compromisso de combater o ódio aos judeus.
O prefeito destacou a contribuição da comunidade judaica para o desenvolvimento da cidade. “A gente não pode de forma nenhuma esquecer tudo que aconteceu para que a gente possa trabalhar para que nunca mais aconteça”, disse, em referência ao holocausto.
Assista (1min10s):
A campanha já teve a participação de sobreviventes do Holocausto Ariella Segre, Gabriel Waldman, Suzana Venetianer e Stefan Lippmann. Também aderiram o líder religioso Estevam Hernandes e o cantor Roger, da banda Ultraje a Rigor. A iniciativa já ultrapassa 5 milhões de visualizações nas redes sociais.
O governo Lula deixou a Aliança para a Memória do Holocausto no fim de julho. O Brasil atuava como integrante observador desde 2021.
“Em uma época em que Israel luta por sua própria existência, voltar-se contra o Estado judeu e abandonar o consenso global contra o antissemitismo é imprudente e vergonhoso”, declarou o ministério israelense em uma publicação na rede social X.
O Ministério das Relações Exteriores israelense ainda criticou a decisão do Brasil de aderir a uma ação na CIJ (Corte Internacional de Justiça), órgão judicial da ONU (Organização das Nações Unidas), contra Israel pelas ações na Faixa de Gaza. A ação foi protocolada em janeiro de 2024 pela África do Sul, que acusa Israel de violar a convenção internacional, de ter uma “conduta genocida” e de promover o “assassinato em massa de civis”.
Segundo o ministério israelense, “a decisão do Brasil de se juntar à ofensiva jurídica contra Israel na CIJ, ao mesmo tempo em que se retira da IHRA, é uma demonstração de uma profunda falha moral”, lê-se na publicação.
Em nota divulgada na 4ª feira (23.jul), o MRE (Ministério das Relações Exteriores) disse que a decisão do Brasil de aderir à ação na CIJ tem como base a Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio e o “dever dos Estados de cumprir com suas obrigações de Direito Internacional e de Direito Internacional Humanitário, frente à plausibilidade de que os direitos dos palestinos de proteção contra atos de genocídio estejam sendo irreversivelmente prejudicados, conforme conclusão da Corte Internacional de Justiça nas medidas cautelares anunciadas em 2024”.
A Convenção do Genocídio foi firmada pelos países-membros da ONU depois da 2ª Guerra Mundial (1939-1945) como forma de prevenir crimes contra a humanidade. O termo genocídio foi criado justamente para caracterizar o assassinato em massa de judeus durante o domínio nazista da Alemanha.